terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Tudo muda

26 de Janeiro
© by Wagner Ortiz Reg. BN 178-2/299-3 PPF8

Tudo muda

Não sei escrever versos,
Esses soltos, como alguns fazem.
Se tiver projeto, escrevo-os leves,
Mas nem sempre outros bebem.

Pra dizer a verdade, não são breves,
Às vezes sim, mas todos saem de mim.
Eu escuto sim a poiesis, o canto da arte,
Traduzo-a no papel, seja nota ou letra.

Não sei gostar dos versos,
Esses tortos, talvez, certos.
Não tenho esse acerto perfeito,
Para acertar deixo me conduzir a verve.

Não sei realmente me importar,
Assim, tão resolutamente, em mudar uma vírgula,
Ou ganhar uma disputa besta,
Talvez seja por isso que me calo.

Não sei entender os controversos,
Que remam, mas voltam à mesma praia.
Às vezes é bom remar e voltar,
Mas qual o problema de ficar a deriva?

Ah, por favor, me deixem fazer nó,
Seja nos cabelos, seja nas notas;
Deixem-me rimar ou redundar.
E se quero substantivo um advérbio?

Não, eu não sei fazer o que fazem,
Às vezes sei, mas sempre meto meu dedo,
Daí uns me gostam, depois me desgostam.
Então faço assim, sem saber mesmo se sei.

Será que sabem mesmo de mim?
Não, não sabem o que mesmo eu não sei.
Versos, ainda que modestos, são lestos e seguros,
Às vezes os sei, mas já me cansei dessa conversa.


©Wagner Ortiz
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BN Reg. 178-2/299-3

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