quinta-feira, 26 de julho de 2018

Só, fui pedra

Das escolhas que as fiz,
De tantas que a mim fizera
De muitas coisas só sofri,
Umas, de jeito algum as quis.

Cada má que eu elegia,
Pois que santo nunca fora,
Pedra era que me doera,
Que não só em mim doía.

Flor, mais linda formosura,
Ela, que a mim doce nascera,
Ainda que eu fosse dela,
Nunca me esqueço, frescura.

Ela, que a mim cingia serena,
Que me olhava, ainda me guia,
Transformava-me tua alegria,
Mas fui dardo na pequena.

Eu mesmo em mim debulhara,
A pedra que em mim doera,
Também que a doce se foi
Que não só em mim pesara.

Sociedade Homolitteras 2018
BN Reg.178/254-299/356260718 - © by Wagner Ortiz

terça-feira, 17 de julho de 2018

Flores da Vida, by Wagner Ortiz


Flores da Vida



Primeiro me plantou a flor
Sua alma que a mim amou.
Eu, depois, plantei a flor,
Colhi do cheiro que me doou.

Nas idas tantas tropecei na dor,
Mas a flor sempre me coloriu,
Açucarou-me o seu dulçor
E nas horas tristes me sorriu.

Da vida, onde sempre fui ator,
Dela, o encanto me deixou,
Pois no dia em que o amor brotou
A flor adormeceu e suspirou.

Eu tinha outra dourada,
Flor que sempre me gostou,
Ainda que não menos amada,
Floresceu-me, dois botões me doou.

Mas nas idas tantas dessa vida,
Ainda que jardineiro não fosse,
De mim toda beleza foi perdida,
A dourada, indecisa de mim, foi-se.

Eu gritei que não fosse, solucei,
Escrevi no fio da navalha,
Com poema adubei a terra,
Corri para seu lado, sangrei.

Eu que acreditei que sorria,
Que o encanto encontrara,
Mas a dor de um espinho que ia,
Vinha outro me ardia, calou o jardim, doera.


Da mais cruel que me fizera
Flor, foram os botões da bela rosa,
Que levou, ainda que meu verso os soerguera,
Dourada nunca mais ela me fora.


Sociedade Homolitteras 2018
BN Reg.178/2-299/3 - © by Wagner Ortiz

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Só o Mar


Mar na parede,
Ondas no cabelo,
Espuma na alma.

domingo, 15 de julho de 2018

Sentidos




Bebi um livro envenenado
Escrito brevemente por tua fria mão
E perdi o encanto pelo som.

Vi um perfume ensandecido,
Exalado da pele de tua alma, teu vão
E fugi do soluço desgostoso.

Ouvi a cor dos espinhos
Soado da estultícia do teu violão
E deixei de sentir o olor da rosa.

Cheirei o choro ensurdecido
Cantado pela tua sutil variação
E compreendi que mesmo me sentia.


Se bebi,
Se vi,
Se ouvi,
Se cheirei,
Foi porque eu mesmo o quis.


Eu mesmo com tato tudo senti
E se misturei, eu mesmo o quis
E por isso, assim que eu mesmo sofri.

Quem dera que de tudo tenha aprendido.


©Wagner Ortiz

BN 1784299XC

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