segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Amores


© by Wagner Ortiz Reg. BN 178-2/299-3 PPF8

25 de Janeiro



Amores

Meu amor existe,
Meu amor é triste.
Contentamento pouco,
Alguns segundos, louco.

Morena do abraço,
Momento no regaço,
Envolto em rouco
Grito tão a pouco.

Serena tua cor,
Grande tua dor.
Janela fechada
Teu riso, risada.

Meu amor existe,
Meu amor é triste.
Não me mostra o ouro
Pica-me teu besouro.

Entendo-o difícil,
Fere-me teu míssil.
Meu amor cruel,
Meu amor fiel.

Grandeza ingênua,
Toda minha, nua.
Dura espada fina,
Cravo-te canina.

Verdade maldosa,
Toda tua, custosa;
Cutelo no berro,
Decepa-me teu ferro.

Amor a tão pouco,
Momentos tão loucos.
Dourada levou-me,
Tocou-me, amou-me.

Teus olhos negros,
Profundos integro-os;
No caos escuro,
Mergulho-os, procuro-os.
Olha-me, a mim me farta
Até que um dia parta.
Se encontro ternura,
Doce volto-lhe pura.

Meu amor existe,
Meu amor é triste.
Não o atendo nunca,
Nem ele me trunca.

Não o entendo solto
Se me quero envolto.
Já que a mim nasceu,
Rude assim, morreu?

Meu amor negreiro,
Mulato sorrateiro
Quer levar-me tudo,
Deixar assim, mudo!

Dourada, ser meigo,
Minha não quer ser
Querendo-me leigo,
Assim me quer ter.

Eu me atrevo, grito,
Revel ato, disputo.
Indulto se irrito,
Não há, só frio luto.

Amor é assim, triste
Mesmo assim existe.
Dourada, ser meigo
Um dia “sê” comigo?

Amor é assim, existe,
Mesmo assim é triste.
Um dia é comigo,
Outro não é meu amigo.

Se o me quero envolto,
È porque sou louco?
Já que a vida acaba
Por que vivê-la diaba?


Se o me quero um pouco
Que mal há ser louco?
Eu me atrevo, rude
Grito, porque me ilude.

Meu amor negreiro,
Saudoso mulato,
A pouco em meu regaço
Desperto por meu braço.

Agora me perco,
Só me resta o esterco,
Vazio em mim, cheio,
Só porque me afogueio.

Meu amor negreiro,
Mulato sorrateiro,
Me deixas assim cheio
Eu mesmo me afogueio.

Amor é assim, triste,
Mesmo assim existe.
Contudo em meu regaço
Viva o amor aço.

O mulato não o disputo,
No meu regaço não luto,
Pois esse não me ilude,
É bálsamo da saúde.

Não quis o aço envolto
Porque, cego, fui louco.
Nele a real vida começa,
Vivendo-a dourada, plena, sem pressa.

O amor é assim, persiste,
Nunca de fato desiste.
Deveras em meu regaço
Reine o amor em que me satisfaço.


©Wagner Ortiz
Todos os direitos reservados.
BN Reg. 178-2/299-3

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