sábado, 26 de dezembro de 2015

Soberana de Glória, hoje é teu aniversário!



Soberana de Glória

30/06/2013
Santo André, à minha mãe que foi morar no crepúsculo.

Das tantas palavras que escrevi, para minha mãe e todos amigos, prometi a minha mãe uma Elegia, pois ergueria minha voz com todo ímpeto se ela partisse, não deixaria a morte lúgubre falar mais alto. Cantaria todos os seus nobres atos, toda sua meiguice e doce amor. Ela sempre admirou a força das palavras e beleza lírica dos versos. Em certa ocasião difícil escrevi o poema e mostrei a ela, pois homenagem boa se faz em vida! Ele ficou emocionada e agradecida por ouvir, dizia não ser merecedora, mas tenho certeza de tudo que escrevi. No hospital, adivinhem? A primeira coisa que ela me pediu foi o poema. Ela via versos em todos os cantos do hospital. Mesmo no leito vil e cruento olhava serena as gotas de chuva que escorriam na janela e me dizia, veja, que coisa linda, escreva isso! Ela foi minha maior professora! Compartilho então, essa dor copiosa e ferrenha que parte minha vida. Contudo me consola saber que: quem planta, colhe o que plantou! Hoje é teu aniversário! Parabéns!

Soberana de Glória

Rainha das Flores,
Deixaste aqui teus olores,
Em nós fica tua frescura.

Tua voz, doçura maviosa,
Sem pesares de tua luta,
Só hálito floral de tua alma serena.

As flores que tanto amavas
Soluçam tua ida ao arrebol,
Mas descortinam debruçadas teu farol.

Irradiam as flores teu nome,
Soberana, majestosa!
Maria da Glória, Generosa!

Mãe, namoravas tanto o céu rosa,
Lembro-me cá de toda tarde
Ao teu lado cor-de-rosa.

Viste? Cortejou-te hoje o crepúsculo!
Sorriu o sol vermelho sangue
E se fez carmim, teu portão.

Sei, andas sobre teu lar agora,
Teu caminho de algodão rosáceo,
Descanso, da semente que plantaste!

Até a Lua cresceu, alumiou-te mais.
Só para não se esqueceres das noites
Em que vimos juntos o seu brilho!

Quem pode ir contigo agora?

Mãe, eu conheci uma pessoa!
Ela me ensinou o que é o amor.
Pois o viveu, cada passo de sua vida.
Leu para mim versos de São Paulo:

O amor é sofredor,
O amor é bondoso,
Jamais é invejoso.

O amor é modesto,
O amor é honesto,
Nunca trata sem pensar.

O amor não é cobiçoso,
O amor não é irritadiço,
Nunca é desconfiado.

É padecedor.
Esperançoso.
Paciente.

O amor não é injusto,
Pois é sempre perfeito.
Ele nunca falhará!

Caríssimos, amados irmãos,
Unam-se a dor, afaguem-se as mãos,
Ouçam essa voz que lamenta com pesar,
Da alma perene que sobrevoa o mar.

Gentil doçura, infinita realeza,
A majestosa imperatriz, alteza.
A planta rara solevantou um lar,
Jardim divino que soube contemplar.

Doou rubis com riso resplendente,
Atentou a todos, despendeu contente,
Bebeu o fardo sem perder a ternura,
Cruz suportou com extrema bravura.

Com teus gestos levantou os feridos,
Alimentou o sedento, visitou abatidos.
Os vendavais acalmou com sua brandura,
Traço excelente que teve por mesura.

Maltrataram-te da modéstia os espinhos,
Mas de alma frágil desfez os daninhos.

De onde jaz , em berço relicário ,
Não te impede nenhum escapulário.
Fôrma espelhada do formoso Cristo
Teu “berço esplêndido” dele equidisto.

Tuas lembranças são eternas, serenas,
Exalam o olor de tuas obras açucenas .
Nós desejosos de tua formosura
Professaremos a fé sem friúra,

Teu sono nos faz refletir tua hora.
Doravante morarás sobre a aurora,
Na noite estrelada, arrebol áureo ,
Onde o Redentor dará o teu láureo .

© Wagner Ortiz 2013 - BN 178-2/299-3

Santo André, 28 de junho de 2013


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