quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Simbolismo

Simbolismo

Gauguin simbolista

O Simbolismo é originário da França e se iniciou com a publicação de As Flores do Mal, de Baudelaire, em 1857. Nome inicial: Decadentismo.
Marcadamente individualista e místico, foi com desdém apelidado de "decadentismo" - clara alusão à decadência dos valores estéticos então vigentes e a uma certa afetação que neles deixava a sua marca. Em 1886 um manifesto traz a denominação que viria marcar definitivamente os adeptos desta corrente: simbolismo.

Bases Filosóficas


Kiekegaard – o homem passa por três estágios em sua existência – estético (presença do novo), ético (gravidade e responsabilidade da vida) e religioso (relação com Deus). Bergson – não é a inteligência que chega a compreender a vida. É a intuição.

Simbolismo em Portugal

Em Portugal, o Simbolismo tem início em 1890, com o livro de poemas de Eugênio de Castro, Oaristos, e com revistas acadêmicas, Os Insubmissos e Boêmia Nova, cujos colaboradores eram Eugênio de Castro e Antônio Nobre. Portugal passou por crise econômica entre os anos de 1890 e 1891, descrédito em sua monarquia e assim como ocorrera com o Simbolismo brasileiro, a literatura simbolista portuguesa foi influenciada pela França, berço do Simbolismo. Nesta época surge o grupo “Os Vencidos da Vida”, formado por Eça de Queirós, Guerra Junqueira e outros escritores que tinham uma visão depressiva e melancólica da realidade.

Características

Os autores voltam-se à realidade subjetiva, às manifestações metafísicas e espirituais, abandonadas desde o Romantismo. Buscava a essência do ser humano, a alma; a oposição entre matéria e espírito, a purificação do espírito, a valorização do inconsciente e do subconsciente.
Os simbolistas terão maior interesse pelo particular e individual do que pela visão mais geral. A visão objetiva da realidade não desperta mais interesse, e sim está focalizada sob o ponto de vista de um único indivíduo. Dessa forma, é uma poesia que se opõe à poética parnasiana e se reaproxima da estética romântica, porém mais do que voltar-se para o coração, os simbolistas procuram o mais profundo do "eu", buscam o inconsciente, o sonho. Os temas são místicos, espirituais, ocultos.
Musicalidade: música, a mais importante de todas as artes. “A música antes de tudo.” Aliterações, assonâncias, onomatopéias, sinestesias
A musicalidade é uma das características mais destacadas da estética simbolista, segundo o ensinamento de um dos mestres do simbolismo francês, Paul Verlaine, que em seu poema "Art Poétique", afirma: "De la musique avant toute chose..." (" A música acima de tudo...") Para conseguir aproximação da poesia com a música, os simbolistas lançaram mão de alguns recursos, como por exemplo a aliteração, que consiste na repetição sistemática de um mesmo fonema consonantal, e a assonância, caracterizada pela repetição de fonemas vocálicos
Linguagem vaga, imprecisa, sugestiva: não mostrava as coisas, apenas as sugeria.
Negação do materialismo: reação ao materialismo e ao cientificismo realista. Retorno à mentalidade mística: comunhão com o cosmo, astros. Esoterismo.
Maiúsculas alegorizantes: personificação.
Mergulho no eu profundo: nefelibatas – habitantes das nuvens.

Características da linguagem simbolista

1. As características da linguagem simbolista podem ser assim esquematizadas:

2. Linguagem vaga, fluida, que prefere sugerir a nomear.

3. Utilização de substantivos abstratos, efêmeros, vagos e imprecisos;
4. Presença abundante de metáforas, comparações, aliterações, assonâncias, paronomásias, sinestesias;

5. Subjetivismo e teorias que se voltam ao mundo interior;

6. Antimaterialismo, anti-racionalismo em oposição ao positivismo;

7. Misticismo, religiosidade, valorização do espiritual para se chegar à paz interior;

8. Pessimismo, dor de existir;

9. Desejo de transcendência, de integração cósmica, deixando a matéria e libertando o espírito; Um dos princípios básicos dos simbolistas era sugerir através das palavras sem nomear objetivamente os elementos da realidade. Ênfase no imaginário e na fantasia. Para interpretar a realidade, os simbolistas se valem da intuição e não da razão ou da lógica. Preferem o vago, o indefinido ou impreciso

10. Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte, assim como momentos de transição como o amanhecer e o crepúsculo; Interesse pela exploração das zonas desconhecidas da mente humana (o inconsciente e o subconsciente) e pela loucura.

Observação: Na concepção simbolista o louco era um ser completamente livre por não obedecer às regras. Teoricamente o poeta simbolista é o ser feliz.


UM POUCO DA ARTE SIMBOLISTA:
http://www.youtube.com/watch?v=aLZf6Ap0ooI&feature=related
Alguns Autores e Obras
Camilo Pessanha (1867-1926)

É considerado o mais simbolista dos poetas da época. Autor de apenas um livro: Clepsidra influenciou a geração de Orpheu, que iniciou o Modernismo em Portugal. Passou grande parte da vida em Macau (China), tornando-se tradutor da poesia chinesa para o português.
Autor considerado de difícil leitura, pois trabalha bem a linguagem. No seu livro predomina o estranhamento entre o eu e o corpo; o eu e a existência e o mundo. Em sua obra, Clepsidra, Camilo Pessanha distancia-se de uma situação concreta e pessoal, e sua poesia é pura abstração.
Antônio Nobre(1867-1900)
Ingressou na carreira diplomática, morrendo de tuberculose aos 33 anos. Estudou em Paris.
Obras: Só (Paris, 1892), Despedidas (1902), Primeiros versos (1921), Correspondência.
É simbolista, mas não tem seus cacoetes. Considerado como nacionalista e romântico retardatário. Antônio Pereira Nobre exaltou a vida provinciana do norte de Portugal, por influência de Garrett e de Júlio Dinis. A sua poesia manifesta rica musicalidade rítmica e linguagem com um falar cotidiano e coloquial, além do pessimismo.
Eugénio de Castro e Almeida (1869-1944)
A sua obra pode ser dividida em duas fases: simbolista e neoclássica. A simbolista corresponde aos poemas escritos já no século XX.
Novas rimas, novas métricas, aliterações, versos alexandrinos, vocabulário mais rico, ele expõe no prefácio – manifesto de Oaristos. Na fase neoclássica apresenta temas voltados à antigüidade clássica e ao passado português (profundamente saudosista).
Florbela Espanca (1894-1930)
Embora não pertença propriamente ao período áureo do Simbolismo possui idéias simbolistas. É considerada uma das mais perfeitas sonetistas da língua portuguesa. Suas obras: Juvenília; Livro de Mágoas; Livro de Sóror Saudade; Relíquias e Chameca em Flor.
Teixeira de Pascoaes (1877-1952): é o pseudônimo de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos. Deixou obras de cunho filosófico e biografias. De seus livros de poesias citam-se Maranos, Regresso ao Paraíso, Sempre, Terra Proibida, Elegias.

Raul Brandão (1867-1930): literatura forte e dramática. A sua melhor produção está na prosa de ficção: A Morte do Palhaço e o Mistério da Árvore, A Farsa, Os Pobres, Húmus, O Pobre de Pedir.
Cronologia do Simbolismo em Portugal
Período: século XIX e XX
Início: 1890 - Publicação de Oaristos, de Eugênio de Castro.
Fim: 1915 - Surgimento da Revista Orpheu, inaugurando o Modernismo.
Fato histórico importante: em 1910 o movimento republicano, apoiado pela Inglaterra, é vitorioso.
Soneto
(Antônio Nobre)

Ó Virgens que passais, ao Sol-poente,
Pelas estradas ermas, a cantar!
Eu quero ouvir uma canção ardente,
Que me transporte ao meu perdido Lar.
Cantai, nessa voz onipotente,
O Sol que tomba, aureolando o Mar,
A fartura da seara reluzente,
O vinho, a Graça, a formosura, o luar!
Cantai! cantai as límpidas cantigas!
Das ruínas do meu Lar desterrai
Todas aquelas ilusões antigas
Que eu vi morrer num sonho, como um ai,
Ó suaves e frescas raparigas,
Adormecei-me nessa voz... Cantai!
Interrogação
(Camilo Pessanha)
Não sei se isto é amor.
Procuro teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! Nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos Cânticos.
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno...
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crespuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro a olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo...
Eu não sei que mudança a minha alma pressente....
Amor, não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.
Fontes:
www.portrasdasletras.com.br/
www.infoescola.com
www.instituto-camoes.pt/

Daiane da Silva Nascimento RA 118169
Débora C. Martins Rodrigues RA 118482
Quezia S. Anacleto da Costa RA 136381
Vivian T. de Souza Lima RA 110345

18 comentários:

Camila disse...

O simbolismo é um dos períodos literários de que mais gosto,porque gosto muito de poesia, principalmente quando ela não é objetiva e temos que encontrar o sentido por trás das palavras.
É isso que me atrai no simbolismo, a sugesão, a difícil leitura por ser a linguagem tão bem trabalhada, além de ser muito musical.

Já estudei bastante sobre os simbolistas brasileiros, Cruz e Souza e Alphonsus de Guimarães, mas até hoje pouco havia visto sobre os simbolistas portugueses.
O que mais gostei foi o poema Interrogação.

Parabéns ao grupo pelo trabalho enriquecedor.

Camila O. M. RA: 110335

Wagner Ortiz disse...

Por que será que os franceses sempre estão na frente da corrida pelo desbravamento das artes e concepções de mundo? Acho que é porque eles valorizam a arte mais que os outros e não tem "papas na língua", são ousados e inovadores, assim toda corrente artística tem uma pitada francesa.

O simbolismo é uma dessas modas. Nada mais sugestivo e subjetivo. Uma escrita confusa, cheia de metáforas e imagens pesadas, e que muitas das vezes, temos um trabalhão para entender.

Lembro que o grupo da Camila Osti apresentou um trabalho, que foi ótimo, mas não tinha visto muita coisa do simbolismo português.

O que achei interessante é que sempre há uma eterna luta do que é espiritual e material, assim o antimaterialismo, anti-racionalismo, faz oposição a religiosidade e misticismo. Um atitude interessante para um século de inovações e descobertas científicas.

Acho que vamos sempre ver poetas e homens nesse eterno conflito! Uns querendo a modernidade, outros a paixão pela arte; um com o "olho no peixe e outro no gato"!!

Muito bem meninas! Vocês mostraram uma coisa diferente, que se falou pouco, de forma responsável e com visão de pesquisa.

Parabéns!

Patricia disse...

Olá, meninas muito bom o trabalho de vocês não conhecia muito o Simbolismo português só algumas poesias da Florbela Espanca a poesia que mais gosto dela é "Inconstância" , bom adoro metaforas, coisas que falam sobre metafísica não teria porque não gostar do Simbolismo tem essas descrições admiro muito a poesia Simbolista;e a poesia que eu não conhecia que mais gostei foi "interrogação" (Camilo Pessanha).

Raquel Stela disse...

A busca da alma, do sonho, a musicalidade e a utilização de metáforas são algumas das características que tornam o Simbolismo tão atraente.

Raquel, RA 119567

Evelise T. Bella disse...

Há quem ache que os autores simbolistas brasileiros são "poetas que vivem em torres de ametista" e há aqueles cuja sensibilidade é suficiente para compreender as encantadoras poesias produzidas nesse período, a qual eu particularmente aprecio muito. O grupo foi perfeito ao pontuar as influências e trazer um vídeo sobre os pintores desse movimento - destaco aqui minha particular afeição pelas obras de Gustav Klimt - afinal ajuda bastante a entender o período como um todo. O ponto alto para mim foi também o vídeo sobre Florbela Espanca. PARABÉNS. Excelente trabalho.

Evelise Thaís Bella - 118672

NALZIR disse...

O grupo está de parabéns pelo excelente trabalho sobre o Simbolismo.
Nalzir
RA 147567

ÉRIKA disse...

Confesso que nunca estudei esse período, não o conhecia. Adorei o trabalho de vocês meninas, com certeza vou procurar saber mais sobre essa escola literária. Parabéns!!!


Érika
RA 133847

Sarah Pinheiro disse...

Este comentário foi removido pelo autor.

Sarah Pinheiro disse...

Como disse Baudelaire, é preciso embriaguar-se para não se tornar escravo da vida.

Parabéns pelo trabalho!

Sarah Pinheiro - 111034

Andreia Cristina Soares disse...

Particularmente gosto muito de poemas, artigos, qualquer texto com metáforas, porque o previsível o óbvio são muitos chatos!!!
Li "Um sonho" de Eugênio de Castro e amei!
Belo trabalho!!! Obrigada por nos enriquecer ainda mais!

Andreia Cristina Soares RA 110627

mariapepe disse...

Parabéns pelo trabalho enriquecedor!! Também não conhecia o simbolismo português , o que me atraiu foi a concepção de mundo mais espiritualista e antimaterialista. Maria P C Costa RA 151430

Rafael disse...

Meninas, primeiramente Parabéns pelo trabalho!
Apesar de não apreciar muito o Simbolismo, por achá-lo extremamente depressivo, gostei muit do trabalho, pois acrescentou muito ao meu conhecimento.
Contudo, há quem diga que poesia é um estado de espírito, então, quem sabe um dia o Simbolismo passe a fazer parte de algum momento de minha vida. Espero que não... rs.

Rafael Leão de Moura - RA 118818

Edeli Brabosa disse...

Meninas, parabéns pelo trabalho e por abordar com tanta propriedade o Simbolismo dentro da literatura portuguesa.
Fantástico o vídeo sobre a Florbela Espanca!

Edeli Barbosa

ESMARA disse...

O simbolismo é de grande riqueza. A busca pelo espiritual, a alma. Uma das característica sque eu gosto muito nesse período é a musicalidade nas poesias usando recursos com a aliteração e a assonância (repetição de fonemas consonantais e vocálicos)e também a linguagem sugestiva no qual temos que entender além das palavras.

Parabéns meninas! Adorei!
Excelente escolha: Interrogação (Camilo Pessanha)

Rejane disse...

Primeiramente, parabéns ao grupo.
O Simbolismo é interessante porque busca a essência do ser humano, da alma, nos traz uma outra visão da realidade, num lado mais espiritual.
Ser realista é importante, mas cuidar da alma, na minha opinião é mais importante ainda.
Rejane Ap. Leite - RA: 110652

Camila Lambstain disse...

O trabalho ficou muito bom, confesso que até então não tinha ido muito a fundo neste periodo, foi um trabalho muito enriquecedor. Pude notar que, de certo modo é um tipo de poesia que particularmente gosto, já que os autores voltam a realdade subjetiva, retomam algumas caracteríticas abandonadas desde o Romantismo, que é um periodo que admiro.

Camila Lambstain
RA 110438

Rosie disse...

O Simbolismo redescobre e redimenciona a subjetividade, o sentimento, a imaginação, a espiritualidade; busca desvendar o subconsciente e o inconsciente nas relaçoes misteriosas e transcendentes do sujeito humano consigo próprio e com o mundo. Parabéns ao grupo!!!!

Aline disse...

Subjetividade, tratamento diferenciado às dores da alma, introspecção. Simbolismo é tudo que remete ao mais profundo dos sentimentos, traduzindo-os em palavras, em pinturas. Florbela Espanca é de uma sensibilidade ímpar, magnífica na escolha de palavras, com uma vida que confunde-se à própria obra. Sou muito fã dessa escritora, me identifico muito com o Movimento. Parabéns ao grupo!