quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Romantismo






O Romantismo: Revolução e Contradição


O Romantismo, designa uma tendência geral da vida e da arte, um certo momento delimitado. O comportamento romântico caracteriza-se pelo sonho, pelo devaneio, por uma atitude emotiva, subjetiva, diante das coisas. Afinal, o pensamento romântico vai muito além do que podemos ver; ele procura desvendar o que estamos sentindo. O Romantismo não conta, ele faz de conta, idealiza um universo melhor, defendendo a ideia da expressão do eu lírico, onde prevalece o tom melancólico, falando de solidão e nostalgia.
O ideal romântico, tenta colocar o universo que presenciamos, de forma subjetiva, sendo que a expressão do sentimentalismo não precisa obedecer a nenhuma regra, antes adorada pelos clássicos.
O advento do Romantismo em Portugal vem apenas confirmar a diluição do Arcadismo. Portugal é reflexo dos dois acontecimentos que marcaram e mudaram a face da Europa na segunda metade do século XVIII: a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, responsáveis pela abolição das monarquias aristocratas e pela introdução da burguesia que então, dominara a vida política, econômica e social da época. A luta pelo trono em Portugal se dá com veemência, gerando conturbação e desordem interna na nação.
Com isso, Almeida Garrett acaba por exilar-se na Inglaterra, onde entra em contato com a Obra de Lord Byron e Scott. Ao mesmo tempo, por estar presenciando o Romantismo inglês, envolve-se com o teatro de William Shakespeare.
Em 1825, Garrett publica a narrativa Camões, inspirando-se na epopéia “Os Lusíadas”. A narrativa deste autor, é uma biografia sentimental de Camões.
Este poema é considerado introdutor do Romantismo em Portugal, por apresentar características que viriam se firmar no espírito romântico: versos decassílabos brancos, vocabulário, subjetivismo, nostalgia, melancolia, e a grande combinação dos gêneros literários.



Características
O Romantismo foi encarado como uma nova maneira de se expressar, enfrentar os problemas da vida e do pensamento.
Esta escola repudiava os clássicos, opondo-se às regras e modelos, procurando a total liberdade de criação. O escritor romântico projetava-se para dentro de si, tendo como fonte o eu lírico, do qual fluía um diverso conteúdo sentimentalista e, muitas vezes, melancólico da vida, do amor e, às vezes, exageradamente, da própria morte. A introversão era característica essencialmente romântica.


Primeira geração romântica:
_ Sobrevivência de características neoclássicas, nacionalismo, historicismo e medievalismo. Principais poetas:



Almeida Garrett
Obras: Poesia: Camões (1825); Dona Branca (1826); Lírica de João Mínimo (1829); Flores sem fruto (1845); Folhas caídas (1853). Prosa: Viagens na minha terra (1843-1845); O Arco de Santana (1845-50). Teatro: Catão (1822); Mérope (1841); Um Auto de Gil Vicente (1842); O alfageme de Santarém (1842); Frei Luís de Sousa (1844); D. Filipa de Vilhena (1846).
Link do livro Folhas caídas:




Alexandre Herculano
Obras: A harpa do crente (1838), Eurico, o presbítero (1844), dentre outras.








Antonio Feliciano de Castilho
Obras: Eco da Voz Portugueza por Terras de Santa Cruz,
O presbitero da montanha.


Garrett e Herculano entendiam a literatura como tarefa cívica, como meio de ação pedagógica.
"A abolicão dos conventos destruira o sistema dos estudos; e se cumpria aos governos organizar a instrução pública, era obrigação dos escritores novos continuar a obra dos frades." Oliveira Martins



Exemplo de poema romântico


Não te amo, quero-te: o amor vem da alma.

E eu na alma - tenho a calma;

A calma - do jazido.

Ai! Não te amo, não.


Não te amo, quero-te: o amor é vida.

E vida - nem sentida,

A trago eu já, comigo.

Ai! Não te amo, não.


Ai, não te amo não, eu só te quero

De um querer bruto e fero

Que sangue me devora,

Não chega ao coração


Folhas caídas, 1853 (excerto)




Segunda geração romântica:
_ Mal do século, excessos do subjetivismo e do emocionalismo românticos, irracionalismo, escapismo, fantasia e pessimismo. Principais poetas:



Camilo Castelo Branco
Obras: Carlota Ângela (1858); Amor de perdição (1862); Coração, cabeça e estômago (1862); Amor de salvação (1864); A queda dum anjo (1866); A doida do Candal (1867); Novelas do Minho (1875-77); Eusébio Macário (1879); A corja (1880); A brasileira de Prazins (1882).

Trecho de “Amor de perdição”:





Soares de Passos

Soares de Passos constitui a encarnação perfeita do "mal-do-século". Vivendo na própria carne os devaneios de que se nutria a fértil imaginação de tuberculoso, sua vida e sua obra espelham claramente o prazer romântico do escapismo das responsabilidades sociais da época, acabando por cair em extremo pessimismo, um incrível desalento derrotista
Obra: Poesias (1855)




Terceira geração romântica:
_ Diluição das características românticas, pré-realismo. Acontece aqui, um tardio florescimento literário que corresponde ao terceiro momento do Romantismo, em fusão dos remanescentes do Ultra-Romantismo. Esse período é marcado pela presença de poetas, como João de Deus, Tomás Ribeiro, Bulhão Pato, Xavier de Novais, Pinheiro Chagas e Júlio Dinis, que purificam até o extremo as características românticas. Principais poetas:




João de Deus


Obras: Flores do Campo (1868), Folhas Soltas (1876) e Campos de Flores(1893)
http://poesiaebiografia.blogspot.com/2009/04/joao-de-deus.html












Júlio Dinis

Os poemas de Júlio Dinis armam-se sobre uma tese moral e teleológica, na medida em que pressupõem uma melhoria, embora remota, para a espécie humana, frontalmente contrária à desesperação e ao amoralismo cético dos ultra-românticos, numa linguagem coerente, lírica e de imediata comunicabilidade. Conduz suas histórias, sempre a um epílogo feliz, não considerando a heroína como "mulher demônio", mas sim como "mulher anjo".
Sua principal obra: As pupilas do senhor reitor.






Pintura e arquitetura

Vários pintores se destacaram na pintura, mas Auguste Roquemont foi o primeiro a fixar na tela cenas de costumes populares. Tomás da Anunciação, João Cristino da Silva e Metrass são outros nomes importantes da pintura romântica. Este último, Metrass, traduz nos seus quadros uma nova situação sentimental, com um dramatismo ao mesmo tempo empolgante e mórbido. O melhor exemplo desse gosto é o célebre Só Deus, considerado por alguns a mais poderosa imagem do romantismo português.
A arquitetura do período romântico em Portugal tem como monumento mais representativo do espírito romântico o Palácio da Pena, em Sintra. A serra de Sintra sempre empolgou as almas românticas, Garrett em 1925 escrevia:


"...Oh grutas frias / oh gemedouras fontes, oh suspiros / De namoradas selvas, brandas veigas, / verdes outeiros, gigantescas serras."







Palácio da Pena – Sintra
Eleito como uma das sete maravilhas de Portugal

http://www.youtube.com/watch?v=F0SMMO95BKw


J.C da Silva “A paisagem do Gado”




Tomás de Anunciação “Paisagem da amora”





Metrass “Só Deus”


Bibliografia:

MOISES, M. A literatura Portuguesa. São Paulo. Cultrix, 2008.
http://www.coladaweb.com/literatura/romantismo-em-portugal
http://www.brasilescola.com/literatura/o-romantismo-portugal.htm
http://www.mundoeducacao.com.br/literatura/romantismo-portugal.htm



Trabalho realizado por:
Camila Ap. Lambstain RA 110438
Marcela Elis Schiavo RA 110159
Raquel Estela RA 119567

19 comentários:

Wagner Ortiz disse...

A minha resposta sobre o romantismo está num poema concreto, por favor acessem em: http://homolitteras.blogspot.com/2009/09/carta-humana-pos-internet.html

Acho que o romantismo, em primeiro momento tem uma ideologia fantástica que é a de abandonar toda escola formal e clássica para que pudessem ser criadas obras incrivelmente belas e novas. Assim, em todas as artes, inaugurou-se uma libertação, e acredito que, dessa maneira, a arte foi feita verdadeira arte.

Nos meados de 1800, temos manifestações fantásticas de criação. Na música temos os grandes gênios com Beethoven, que funda a febre romântica e sinfônica; e o nascimento do revolucionário Liszt que funda a era Concerto. Na pintura e escultura vemos traços novos, retratos estranhos e a valorização do cotidiano e os fatos históricos recentes.

Na minha opinião, a arte nasce com ímpeto, mas ai vem a parte que não aprecio. O exagero do sentimetalismo, predominando sobre a arte. E com isso funda-se a era da fantasia, escapismo, etc. A partir daí muitos Romances são escritos para parasitas burgueses, surge então o lixo da "literatura comercial". Contudo há movimentos louváveis como os abolicionistas condoeiros da 3ª geração e muito mais coisa que não seria oportuno discutir em comentário e sim em debate na sala de aula. Aliás que, isso seria uma boa forma de avaliação: uma roda de conversas informais.

Para finalizar, a arte romântica foi tão intensa que acabou contaminando toda arte de lá pra cá. Assim, chamo isso de "droga romântica" a que muitos de nós ainda a usa atráves da arte cinematográfica e das canções. Esse romantismo, do exagero, da fantasia, daquele amor parasita idealizado, e contido nas óperas da segunda metade do século, sobretudo em Pucinni, Verdi e Wagner (que até hoje muitos brasileiros torcem o nariz) é a supervalorização do que se banalizou no século XXI.

Parabéns meninas, o artigo ficou ótimo. De extremo bom gosto, com figuras interessantes e com conteúdo muito proveitoso.

Wagner Ortiz 110346

Andreia Cristina Soares disse...

É interessante observar o Movimento Romântico, pois foge de tudo o que é clássico-enquanto no classicismo, entre outras coisas a questão da imagem do amor e da mulher é racional- no romantismo essa imagem torna-se sentimental e subjetiva, aliás o fator sentimental é extremamente valorizado nesse movimento digamos até de forma exagerada, só não é mais exagerado que o ultra-romantismo.
Meninas, parabéns pelo trabalho, está bem completo e as figuras apresentadas são belíssimas!!!!!!!!
Um abraço!
Andreia Cristina Soares - RA 110627

Sarah Pinheiro disse...

Os românticos sentem a si e o gemido da alma de outrem.

E para praticar tal ação, não se aprende na ilusão, mas na dor da realidade.

Parabéns pelo trabalho !

Sarah Pinheiro - 111034

Patricia disse...

O romântismo é um movimento, que revolucionou poís abriu novos horizontes aos autores e artistas, na literatura, música, dança e artes plásticas etc.Parabéns pelo exelente trabalho meninas!

Patricia soares RA:110394

Nalzir disse...

Meninas parabéns pelo trabalho ficou muito bom! As imagens estão muito lindas!
Nalzir
RA147567

mariapepe disse...

Parabéns o trabalho ficou muito bonito ! Romantismo representou a a expressão sentimentalista, melancólica, subjetiva.Almeida Garret introdutor do romantismo em Portugal,com sua obra Camões.Romantismo liberdade de criação.A introspecção, principal característica.A meu ver escola com grande contribuição nas artes , a criatividade nas obras. Maria P C Costa RA 151430

Edeli Brabosa disse...

O Romantismo é caracterizado pela introspecção, melancolia, pelo subjetivismo e pelo sentimentalismo, que muitas vezes, nos dias atuais, soa exacerbado.
Parabéns pelo trabalho e pela convergência com a pintura e arquitetura, relação esta sempre presente.
Edeli

Camila disse...

O romantismo é o período literário mais conhecido e provavelmente o que mais influência os escritores até hoje.
As características mais interessantes são o subjetivismo, o sentimentalismo e o escapismo.

Ficou muito boa a pesquisa, parabéns ao grupo.

Camila O. M. RA: 110335.

Evelise T. Bella disse...

O romantismo representou pelas artes as profundas mudanças que a sociedade estava enfrentando. Como a Camila disse, talvez sejam os artistas desse período os que mais influenciaram e continuam influenciando os artistas contemporâneos.
Parabéns, o trabalho está bem interessante.

Evelise T. Bella
RA: 118672

Rafael disse...

O Romantismo foi um movimento que quebrou paradigmas e eu adoro tudo que quebra paradigmas. Apesar da subjetividade e melancolia, há sempre presente na poesia de alguns autores, uma crítica a algo da época, o que acho muito interessante. Considero o Romantismo como um dos movimentos mais importantes, tanto na Literatura Portuguesa, como na Brasileira, pois muitos artistas se utilizaram dele (seja criticando-o, seja exaltando-o) para criar outros movimentos.

Rafael Leão de Moura - RA 118818

ESMARA disse...

O Romantismo influencia até hoje os escritores como todos disseram. Eu gosto muito desse movimento. A subjetividade e o sentimentalismo são características importantes neste movimento.

Parabéns meninas! Um ótimo trabalho!!

quezia anacleto disse...

È como muitos afirmaram: o Romantismo influenciou e ainda influencia muitos escritores, até mesmo o cinema... é no Romantismo que observamos a "fuga à Realidade" o exagero do sentimento e há muita crítica a esse respeito também, mas não devemos esquecer que é o que muitos vivem em algum momento de sua vida, é na imaginação que podemos fugir da realidade, de vivermos "um amor impossível", de vermos tudo realizado, mas não se deve viver apenas disso é aí que o Romantismo "peca" e é tão criticado.
Gostei imensamente da apresentação de vcs foi muito bem feita, alias não podia esperar menos...
RA 136381

Rejane disse...

Gosto do Romantismo, mais pelas artes do que pela própria literatura. Apesar de exaltar os sentimentos, acho tudo muito melancólico, fala muito de solidão, amor não correspondido.
Parabéns ao grupo.
Rejane Ap. Leite - RA: 110652

Fernando Ribeiro disse...

Esse Romantismo é mesmo um exagero de sentimentos...
Mas foi muito bem retratado aqui neste artigo. Muito completo e além de tudo, gostei dos exemplos, meninas!!!

Fernando Ribeiro - 118175

ÉRIKA disse...

Confesso que não gosto desse período...rsrs Acho que todo mundo sabe. Muito melancólico, exagerado, deprimente.

Belo trabalho meninas, bem elaborado e bem explicativo. Parabéns!!!

Érika RA 133847

Vivian TSl disse...

O Romantismo foi um movimento em que os artistas se libertaram das normas rígidas impostas pelos clássicos. Os escritores românticos projetavam-se para dentro de si expondo os sentimentos, sem se sentirem limitados com questões estéticas.
Parabéns pelo trabalho. Ficou muito bom.
VIVIAN T. DE SOUZA LIMA RA: 110345

Rosie disse...

O Romantismo, não procura representar a realidade -conceitualmente - a Mulher; a Beleza; o Bem. Recusa, do mesmo modo, as representações simbólicas eruditas (mitologia) . Ele tb idealiza a realidade, mas por meio da emoção e da imaginação. Parabéns ao grupo!!!!

Aline disse...

Liberdade de criação, liberdade de expressão, quebra de regras e paradigmas, busca pelo novo. O Romantismo abalou o mundo literário, sendo um dos mais importantes movimentos. Até hoje, pessoas que reverenciam o amor são chamadas românticas! Tudo pelo tratamento melancólico e introspectivos dos escritores dessa época. Fascinante!

Débora Cristina 6NA - Letras disse...

Meninas, ótimo o trabalho de vocês! Sempre gostei do Romantismo, menos da segunda fase, do Mal do século. OS excessos do subjetivismo e do emocionalismo românticos, o irracionalismo, o escapismo, a fantasia e o pessimismo dessa fase nunca interessaram.