Flores da Vida
Primeiro me plantou a flor
Sua alma que a mim amou.
Eu, depois, plantei a flor,
Colhi do cheiro que me doou.
Nas idas tantas tropecei na dor,
Mas a flor sempre me coloriu,
Açucarou-me o seu dulçor
E nas horas tristes me sorriu.
Da vida, onde sempre fui ator,
Dela, o encanto me deixou,
Pois no dia em que o amor brotou
A flor adormeceu e suspirou.
Eu tinha outra dourada,
Flor que sempre me gostou,
Ainda que não menos amada,
Floresceu-me, dois botões me doou.
Mas nas idas tantas dessa vida,
Ainda que jardineiro não fosse,
De mim toda beleza foi perdida,
A dourada, indecisa de mim, foi-se.
Eu gritei que não fosse, solucei,
Escrevi no fio da navalha,
Com poema adubei a terra,
Corri para seu lado, sangrei.
Eu que acreditei que sorria,
Que o encanto encontrara,
Mas a dor de um espinho que ia,
Vinha outro me ardia, calou o jardim, doera.
Da mais cruel que me fizera
Flor, foram os botões da bela rosa,
Que levou, ainda que meu verso os soerguera,
Dourada nunca mais ela me fora.
Sociedade Homolitteras 2018
BN Reg.178/2-299/3 - © by Wagner Ortiz
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