Toco
Ontem eu era
broto,
Madeira em
flor,
Sonhos no
frescor,
Não tinha
desgostos,
Só aromas da
vida.
Primeira dama,
Ela, santa,
que me amava,
Amor me derramava;
Fora eu teu
sabor-dissabor;
Ela, único
perfume na vida.
Um homem, meu rei,
Admirei, mas eu
fui faltoso.
Meu tutor, que
amei,
De sua calma
alma
Levo o cheiro
da vida.
Depois no
destemor,
Encontrei
favor,
Deparei-me com
espelho,
Com amor de
mestre,
Que me ensinou
a plantar jardim.
Agora a
menina,
Essa doce
assassina,
Que é minha
cor,
Minha dor,
Deu a mim o
mais casto da vida.
Das paixões -
mãe,
Pai, Mestre e
divina filha:
Uma felicidade
só,
Açucenas
madeixas
Que agitei sem
dó.
Depois se quebrou
meu toco,
A filha do meu
reboco,
A donzela da
minha sede
Que
raspelou-me um pouco
Pouco perfume
da vida.
Mas, ainda que
eu desabasse,
Haveria sempre
o que me retocasse,
Pois o que de
mim floresceu
Sempre me
favorece(u):
Minha vida da
vida.
Arre, que
houve beleza,
Que sempre me
seguiu,
Ela, que
depois partiu
No que mesmo
de mim pariu,
Longe quis
ficar do perfume.
Ela, que tanto
me quis,
Largou-me oco,
Deixou-me solto
Distraída na
vida,
Foi, no que
mesmo de mim pariu.
Ah, dessas
dores - amor,
Rebroto forro e divino filho:
Uma terra só.
De onde me nasceram,
enfim,
Outros olores
da vida.
Agora, eu, o toco,
Nascido da ternura,
Furado e
podre,
Ainda descaído,
exalo cheiro
Cheio dos
perfumes da dor.
Eu, agora toco
morto,
Carrego no
vazio, oco,
As fragrâncias;
no seio
Os desgostos, o
desejo rouco
E de todos
tido um louco.
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