segunda-feira, 23 de maio de 2011

Acidentes Musicais


Os sinais de notação musical no ocidente sempre estão em evolução, assim desde o séc. V A.C, data do primeiro documento com música notada referente ao fragmento do coro do Orestes de Eurípedes, os sistemas estão em desenvolvimento. Como os gregos advêm as letras do alfabeto para indicar notas, e só no Séc.V, com os Romanos, as letras gregas dão lugar as latinas. Mais tarde, séc VIII surgem os chamados neumas*, ou seja, uma espécie de notação taquigráfica, representada por sinais de difícil interpretação que foi melhorada com a representação do movimento melódico, ou melhor, a altura* das notas era disposta como um gráfico. Foi somente no séc. X que essa notação ganhou aperfeiçoamento para ser mais precisa, assim foram acrescentados ao gráficos letras para precisar a altura da notas, então surge ideia de usar duas espécies de "B", o que correspondia a uma nota acidentada, ou seja, alterações diferentes para notas de mesmo nome.


Sistema de Alfabético para indicar a altura das notas.
A     B     C      D      E      F     G
   (LÁ   SI    DÓ    RE    MI    FÁ    SOL)

Ficheiro:Seikilos.png

O epitáfio de Seikilos é um exemplo da notação musical praticada durante a Grécia Antiga.


Com o surgimento da notação quadrada* (que usada no canto Gregoriano*) e a polifonia* foi necessário mais aperfeiçoamento, assim surgem a pauta* e maior frequencia de alterações nas notas. Para indicar essas alterações foram criados os acidentes, sinais que indicam os ajustes, ou as alterações das notas. Esses ajustes tem origem no chamado famoso "diabolos in musica", já que no canto gregoriano as notas cantadas seguiam padrões chamados de modos, que é a maneira de cantar, ou escalas*, o diabolus era um intervalo de 3 tons entre duas notas que desestabilizava o equilíbrio melódico da escalas, considerado uma dissonâcia* terrível, ou seja, não soava bem aos ouvidos. Assim, quando se cantava uma escala partindo da nota FÁ (F), a tendência era corrigir o SI (B), baixando-o em meio tom, daí surge o chamado "B" quadratum (quadrado) e o B rotundum (redondo), esse último era a nota B (Si) com ajuste, hoje chamado de Si bemol. O intervalo de segunda menor, que pode ocorrer entre o Si e o Dó, também é dissonante e deveria ser igualmente evitado. Para evitar a ocorrência dessas dissonâncias, o Si era rebaixado em meio tom. Dessa forma passava-se do hexachordum durum (o hexacorde "duro" Sol-Lá-Si-Dó-Ré-Mi) para o hexachordum molle (o hexacorde "mole" Sol-Lá-Sib-Dó-Ré-Mi).

bemol ()

Nota Lá bemol

Notação Quadrada sobre pauta - Acima e abaixo da pauta notação neumática.


Com o passar do tempo surgiu a preferência por somente alguns modos, ou escalas gregorianas, essa escola deu origem ao sistema de tonalidades, ou seja, fazendo as alterações e ajustes nas notas toda vez que se mudava a nota inicial para manter o modo, surgem assim o modo MAIOR e MENOR. Com as tonalidades surgem então o uso de chaves, ou acidentes fixos, necessidade de fixar as alterações constantes do modo para não as ficar repetindo na escrita.

Dos acidentes no sistema tonal se tem:





Sustenido = faz aumentar ou suspender a nota escrita em meio tom
Bemol = faz diminuir, ou abaixar a nota escrita em meio tom
Bequadro - faz a nota anteriormente alterada por sustenido ou bemol voltar ao seu estado natural.
Dobrado bemol, faz a nota escrita baixar 1 tom em relação a nota natural.
Dobrado sustenido, faz a nota escrita subir 1 tom em relação a nota natural.


A evolução dos sistemas continuou e após o século XIX com o surgimento de novas técnicas em busca de sons novos e novas expressões musicais, surgem as alterações microtonais*, ou seja, alterações menores que meio tom, assim surgindo alterações de quarto de tom, terço de tom e quinto de tom, porém é comum a divisão em partes menores.

Alguns acidentes para notação microtonal:




Uso da notação microtonal na obra de Wyschnegradsky


Sistema de doze divisões em um tom (1/12)

Informações sobre microtonalismo (em inglês): 

Vídeos-aulas:



Bibliografia

Artigos de http://pt.wikipedia.org Notação Musical

Candé, R. Música, linguagem, estrutura, instrumentos Ed.70, 1989

THESAURUS MUSICARUM LATINARUM (em Latim), linkado. Acesso: 23/05/2011

Wisnik, José Miguel (1999). O Som e o Sentido. São Paulo. Cia das Letras. ISBN 85-7164-042-4


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