sábado, 24 de março de 2018

Beija-flor e a Enervada Flor


Encantado desde o início,
Enamorado de fato,
Por flor paulista, tua cor,
Que mais do Lácio eras.
Medida branca, tua boca,
Pueril, que a vida sempre douras,
Ainda que sertaneja sempre foras.


Linda, dente-de-leão,
Do leão, que sempre foras,
Que robusta me abraçaste,
Verso teu, que me deu biquinho,
Que o cantei no meu cinzel,
Pois ainda que roubasse teu mel,
Irmã minha te fiz em minha sina.


Tantas horas de sabores voejantes
Nas asas de nossas palavras-ideias,
Nos aromas de três cafés fortes,
Afastando-nos da imatura morte,
Crescendo em nós a boa sorte
Com as prosas nas horas mais meninas,
No colo dos nossos sagazes risos.


Tempos oportunos, só de ideias,
Quando solícita criaste zumbido,
Teus dentes de leão urraram
E flagelaste só aquilo que mesmo deste,
Nem mito da caverna quiseste
E nem mesmo Freud poupaste,
Só a ti, irmã, escutaste, enervada flor.


Uma derrota para meu biquinho
Que monstro de vez agora se fez,
Sujo, de modos vis, infantis,
Que já vira tua douradura,
Mas que te avisara de tua ganância,
Dos teus “nervos de aço”, jactância.
Ainda irmã, prefiramos a leveza da flor.


©Wagner Ortiz
Todos os direitos reservados.
BN Reg. 178-2/299-06022018XPoW

“ Vinde a mim vós todos
que estais cansados e oprimidos
que vós aliviarei,
pois meu fardo é leve,
meu jugo, suave.”


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