sábado, 27 de abril de 2013

Música Monossilábica: Era da Imbecilidade





    Vejam a que ponto chega a fantasia humana. Enquanto os poetas se refugiam nos espaços virtuais para publicar suas obras cheias de espiritualidade, a Mídia Ignorante os ignoram para promover o lixo cultural digno de nosso dó.

    Essa pobreza a que chamam de música (sem entrar no mérito de elementos da música) é estiolada de criatividade e extremamente reles. Para o "trabalho" que me refiro não precisa nem de argumento, mas vamos seguir o protocolo e dar o único.

    Nossa língua possui inúmeros monossílabos com distintos e ricos significados, os da "Era Imbecilidade" promovidos pela Mídia Ignorante não têm significados, nem mesmo onomatopaicos, diga-se de passagem! O que espanta é o grande número de aceitação a essa troça pútrida.

Eis uma troço monossilábico sem significado algum:

"Eu quero tchu, eu quero tchã. Eu quero tchu tcha tcha tchu tchu tchã. Tchu tcha tcha tchu tchu tchã”.

    Ainda que os linguistas (eu também sou um) mostrem que há uma tendência dos falantes em abreviar as palavras mudando o léxico conforme o tempo passa, não justificativa para a perda de sentido. Um exemplo é a fala caipira, onde se registra: ocê (você) ou mesmo um simples "cê" falado até mesmo pela população não caipira. "Cê tá bem", uma fala empregado por muitos, mas todos tem o mesmo sentido da palavras que deram origem " Você está bem?" A justificativa linguística é que em diálogos e meios eletrônicos se busca maior velocidade e fluidez, assim quanto mais abreviado e mais curtas as palavras mais eficiente a comunicação.

    A música brasileira desde os anos 80 vem sendo desconstruída, nem parece que existiram gênios como Jobim, Cartola, Noel Rosa, Adoniram, etc. Então, desde o Rock ruim até a geração dos pagodeiros vimos coisas horrendas e de pouca qualidade, entretanto depois do fim do "É o Tcham" que inaugurou a ERA BUNDA na música, as bundas deixaram as telas para dar lugar a música paleozóica monossilábica em forma de sertanojo e para acabar contudo o Funk de hoje.

Contemplemos uma verdadeira obra monossilábica publicada no Recanto das Letras do poeta Josias da Silva:

SOL SEM LUZ

O Sol, no céu, me dá o tom da luz,
da cor, do som que me vem nu, que traz
na luz do Sol, no céu a cor da cruz
e sem ter dó em luz de dor me faz!

A dor que vem é dom que não faz jus
à cor, ao tom, à luz que tem na paz
e nu me faz à luz do Sol que pus
no céu de dor, e cor, e luz... não mais!

No céu de dor de um Sol sem par, na fé
eu vou, de luz em luz, na dor e sei
que a cor e o tom da luz de dor me vem...

E traz a mão que faz a cor da lei
da dor que vem, e sei que luz não é;
No céu de dor, meu Sol a luz não tem!

BLUE FUNK (Verdadeiro Funk)


Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=46820#ixzz2RglPHQPA
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Outro artigo:
http://www.revistabula.com/332-mib-musica-imbecil-brasileira-o-sertanejo-universitario-na-era-da-imbecilidade-monossilabica/