quinta-feira, 11 de julho de 2013

Alma


Alma

Ampla Alma,
Quem te viu?
Se só acalma.

Intensa Aura,
Quem te sentiu?
Se luz restaura.

Se te ouvissem,
Som do vento lento.

Se te sentissem,
Paz de um só momento.

Se te notassem,
Sombra da árvore serena.

Se te cheirassem,
Areia da praia morena.

Grande Alma,
Quem te viu?
Se só acalma.

Imensa Aura,
Quem te sentiu?
Se luz restaura.

Lento, teu silêncio,
Se apenas o ouvissem,

Momento, teu alento,
Se mais te conhecessem.

Serena, tua ternura,
Se somente te encontrassem.

Morena, tua simplicidade,
Se mal não te julgassem.

Meiga Aura,
Quem te sentiu
Que se restaura.

Amável Alma,
Quem te viu
Que se acalma.

©Wagner Ortiz, all rights reserved BN- 178-2/299-3

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Sou só um







Sou só um

Gostaria de falar, falar, falar,
Mas não quero ser um pedante.

Gostaria de reclamar de tudo errado na vida,
Mas não sou explorador dos corações.

Gostaria de estar numa nuvem azul,
Sentado olhando as estrelas,
Mas não posso me usurpar dessa posição,
Não sou nenhum anjo!

Lembram-me sempre:
Estou mais para demônio,
Vil, falso, cínico e astuto.
Como me julgam muitos, alguma, nunca ela e nem uma.
Vivo num inferno de dores calcinantes,
Preso em uma esfera ácida e pútrida
Que me engana com suas ilusões de amores mentirosos.

Outros me lembram sempre:
Estou mais para bardo,
Doce, verdadeiro e inteligente.
Como segregam muitos, uma e ela.

Vivo num céu de letras envolto no mel da musa,
Livre nos meus versos pueris lenitivos
Que me enlevam nas quimeras de amores inatingíveis.

Nem muitos,
Nem alguma,
Nem uma.
Nem ela.

Sou só um.

Sem muitos,
Sem alguma,
Sem uma,
Sem ela.

É muita confusão,
Única cabeça.

Gostado sempre fui,
Aliás, imagino,
Muito mais do que penso.

O problema é justo esse.
As conexões humanas,
Como disse uma.
São deveras complexas.
Como disse só um:
“Damos mais importância as nossas regras e coisas do que a nós mesmos.”

Eu me sinto desgostado
E sei que sou gostado.
Então é de mim mesmo
Que não me gosto.

É autocomiseração?


Por tantas coisas...


Por diva, musa,
Por dia, música,
Por diabos e mutretas.

Por anjos, afagos,
Por angariações, afastamentos,
Por angústias e afazeres.

Por obra ignorada ou perfilhada,
Por gestos ignorantes ou percais
Por amores ignotos ou perdidos.

Nem muitos,
Nem alguma,
Nem uma.
Nem ela.

Sou só um.
Só um pequerrucho.

Sem muitos,
Sem alguma,
Sem uma,
Sem ela.

©Wagner Ortiz, all rights reserved BN- 178-2/299-3

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Últimas palavras à Maria da Glória Ortiz Gonçalves







Funeral

Ela continua viva em nós, combateu o bom combate. Essas foram as palavras em seu funeral, atendido pelo ancião Josué do Parque Gerassi. O hino cantado foi "Somos Jóias Preciosas", como no funeral de sua mãe. A Palavra lida foi em II Timóteo 4. " Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora, a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a sua vinda.
2 Timóteo 4:7-8


Homenagens
Há dois anos recebi uma notícia muito ruim. foi quando minha mãe colocou a 1a válvula no coração. Nessa ocasião escrevi um discurso fúnebre e uma poesia. Essa homenagem fiz em em vida e li para ela. Não fiz o discurso no funeral, pois não foi me dado oportunidade, mas li um parte do poema. Transcrevo aqui na integra para aqueles que querem ler e aprender com nossa querida Maria da Glória.

A razão de Soberana, é o nome dela, Maria, que quer dizer Soberana.

Discurso Fúnebre a Maria da Glória Ortiz Gonçalves

Queridos amigos e parentes, convido a todos a aproveitarmos esse momento de dor e de aparente perda para refletirmos em nossas vidas.

Digníssimos, a maioria de nós concorda que a vida é uma escola. Sim, pois a vida deve ser um lugar para a reflexão, para o desenvolvimento espiritual, ético, moral e intelectual. Por isso que, a cada episódio da vida, a cada ação nossa, cada parte, nós aprendemos, e ainda, fiquemos cientes: para cada pessoa que passa pela nossa vida há para nós uma oportunidade para crescermos mais. Portanto, essa vida efêmera, curta e transitória deveria funcionar como um espelho para nos vermos, uma vez que, é com nossos erros e acertos que refletimos e nos tornamos capazes de exercer tolerância, paciência, amor e fé. Só assim que poderemos evoluir, e então entender corretamente quem somos e para onde vamos! Mas, não tem sido dessa maneira! E por quê?

Porque nós somos de tal modo mesquinhos e egoístas que só pensamos em nossos próprios interesses! Não aprendemos a refletir com as nossas ações, ao invés disso damos desculpas dos nossos erros, sempre achamos um meio de colocar a culpa em alguém, não admitimos nada, e não aproveitamos as oportunidades de aprender melhorar essas coisas com o próximo de maneira profunda. Somos julgadores. E conhecemos só uma pequena parte das coisas, mas nos achamos donos da verdade espiritual, e quando a verdade é material e não a sabemos nos calamos logo. Mas eis a verdade: queremos sempre que nos agradem, que nos exaltem, que nos bajulem, que acreditem sempre em nós, que nos tenham por bonzinhos, julguem-nos ótimo, nós e as nossas ações, às vezes boas mesmo, mas elas quase sempre são voltadas a nós mesmos.

E por que tudo isso é assim? Por que somos tão egoístas e comodistas? E geralmente só pensamos e refletimos com a morte?

Para explicar isso parafrasearemos o que disse há quase 400 anos o sacerdote-poeta Antonio Vieira em sua Sexagésima: 


“(…) Para um homem ver a si mesmo é necessário que tenha: 1, olhos, 2, espelho e 3, luz.”

Expliquemos:

OLHOS

Ou seja, conhecimento material e espiritual para desenvolver o discernimento tanto das coisas do espírito como das coisas da terra. Uma vez que se pressupõe esses mundos coexistirem, assim sendo, um explica o outro. Para isso, convenhamos que semelhantemente Jesus fez isso em suas explicações espirituais usando coisas materiais, assim como fazemos às crianças, porque, até “sermos aperfeiçoados” não poderemos entender o que para nós foi coberto.

Então, não sejamos cegos nas nossas declarações!

Não fechemos nossas olhos (mentes) rejeitando as pessoas e o que pensam, todavia analisemos tudo com nossos olhos bem abertos e com muito altruísmo!

Não sejamos crianças egoístas, que por não terem entendimento pleno veem pelos olhos dos outros. Desse modo, não deixaremos que nossas ações produzam em nós inveja, ganância, mentira, preconceito, ignorância e coisas como essas que só nos levam a pensar em nós mesmos.

Como está o olho de cada um hoje?

Meus caros, aprendamos de uma vez por todas:

Refletir é ver com os nossos próprios olhos a nós mesmos! E isso é dos alicerces do cristianismo!

Continuemos...
Disse o poeta:

“Para um homem ver a si mesmo é necessário” que tenha um: espelho

Expliquemos o que é ESPELHO.

Todos nós já nos vimos no espelho. Mas o que é reflexo?

Segundo um texto científico pesquisado, esse fenômeno, a reflexão, explicada por Heron de Alexandria seria a menor distância percorrida pela luz entre dois pontos. O importante de sabermos é que nos vemos no espelho, ou seja, vemos a nossa imagem, pois o reflexo é o que a luz reflete em nos nossos corpos e devolve para nossos olhos. A imagem não é necessariamente legítima, mas temos a ideia de que vemos o que foi refletido. Logo temos que ter um corpo para nos ver.

Caríssimos, temos consciência do corpo espiritual que temos? Ou ainda nos iludimos com nossos corpos materiais? São eles ilusão de fato?

Falemos deles então:

Digamos que em parte sim, são ilusão. Pois, pelas condições deles e por meio de seus desejos somos levados a criar fantasias para nos contentarmos. Mas lembremos que é só por meio deles que podemos nos perceber e manifestar nossos desejos de SER e TER. Assim, no mundo, a fraqueza do conjuntos dos nossos corpos nos levam a preferir TER a SER, que provoca em nós o egoísmo. O capitalismo é um exemplo da força desse TER. Já a moral, a ética e a religião são exemplos da força do SER, onde se busca o altruísmo, mas falhos diante do espírito ou Luz.

Assim vemos com nossos olhos, ou melhor, com o nosso conhecimento, o quanto ainda temos para aprender e para evoluir por meio desses corpos. Ou seja, carecemos de consciência para entender quem verdadeiramente somos.

Nesse contexto, devemos SER para TER ou TER para SER?

Queridos, a maneira mais rápida para nossa evolução é refletindo sobre nossas ações.

Mas entendamos: é por meio “dos olhos” que levaremos os nossos corpos para vida ou para morte!

Assim quando vemos uma pessoa morta, agimos imediatamente em relação a nós mesmos, egoístas, ficando tristes e inconformados, com sentimento de perda, e, justificamos nossa ignorância dos fatos imputando a Deus a culpa ou feito devido nosso pensamento errôneo e parcial sobre morte. Não há em nós consciência espiritual para entender.

Vejamos, por que quando alguém jaz morto não meditamos o quanto ainda temos para aprender? Temos a oportunidade de discutir sobre a morte, mas, o fazemos? Podemos entender realmente o propósito da morte?

Ao invés de entendermos, como dói, choramos! Diante da morte até Jesus chorou!
Mas, Jesus disse que ninguém morre definitivamente, mas é semeado, plantado.

Cremos assim? Vou ser plantado?
Igualmente, perguntemos a nós mesmos: (I Cor. 15)

O que deixaremos para plantarem?

Uma pessoa cega?
Uma pessoa egoísta?
Uma pessoa de mente fechada e dona da verdade?

Ou uma pessoa disposta a aprender?
Um pessoa que viveu para o TER ou SER?
Plantamos Altruísmo?

Certa vez disse o apóstolo Paulo sobre a morte e a ressurreição, em suas palavras:
“Quando o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade e o que é mortal se revestir de imortalidade, cumprir-se-á o que está escrito: Tragada foi a morte na vitória”.
E como venceremos se plantarmos morte, dúvidas, tristezas, aflições, egoísmo, julgamento?

Ora, qual corrupção Paulo se refere? Não seria da nossa cegueira?
Ora irmãos, não sejamos hipócritas! Temos que trabalhar para multiplicar o que é bom!

Nossas crenças não devem ser com sacrifícios traiçoeiros e mentirosos, mas com obras verdadeiras produzidas por quem tem olhos quem podem enxergar o que planta!

Ainda em relação ao corpo.

Quando se denota corpo, implica um corpo espiritual e outro material, mas ambos são essenciais. Paulo explica que nosso corpo se tornou um templo do Espírito Santo, e que em nossa mente foram gravadas as Leis de Deus. Dessa maneira nos tornamos filhos de Deus. Portanto temos que ter a mente de Cristo, para refletir, para crescer e o adorar.

E onde o adoramos? E como estamos o adorando?

Jesus disse a uma mulher confusa sobre onde e como adorar a Deus. Ela que tinha aprendido a adorar a Deus no monte Gerezin, mas confusa porque judeus diziam que é em Jerusalém que se adora a Deus, então Jesus disse a ela:

Chegará um tempo que não podereis adorá-lo em nenhum desses lugares, pois Deus é espírito, e importa adorá-lo em espírito e verdade, ele procura para si pessoas que assim o adorem.

E atentemos todos nós:

Esse tempo já chegou com a graça de Deus há quase 2000 anos!

Alerta o poeta: “Se tem espelho (corpo, ações), mas é cego, não se pode ver por falta de olhos. (entendimento, consciência)”

De que maneira estamos adorando a Deus? Ou ainda estamos olhando de que maneira os outros estão adorando a Deus a fim de reprová-los?

Finalmente... a LUZ.

Para um homem ver a si mesmo é necessário que tenha: LUZ

Expliquemos a LUZ.

“Se tem espelho e olhos, mas é de noite, não se pode ver por falta de luz.”

Bem, essa é a parte mais fácil. Entendemos plenamente o que é a LUZ?

Consideremos: A luz de Deus iluminou a vida daqueles que estavam sentados nas trevas e não podiam ver nem com espelho ou olhos. A luz brilhou para eles quando Jesus veio ao mundo, diz Lucas no evangelho! Luz!

A Luz é a justiça de Deus, pois nos julga, mostra-nos e revela-nos no espelho.

Na luz está a vida, a luz nos dá a vida! Assim João diz: “aquele que faz o mal odeia a luz, pois a luz o denuncia”, pois a Luz é a misericórdia, a graça de Deus. Logo a primeira coisa que Deus Criou foi a Luz! Que haja luz!

Assim, conclui o poeta, é necessário luz, é necessário espelho e necessários os olhos.

Assim, aprendemos hoje que refletir é entrar dentro de si mesmo para que haja um verdadeiro arrependimento das nossas ações e de modo contundente a conversão.

Atenção:

Ao contrário de que muitos pensam isso não pode ser somente uma vez na vida, nem uma vez por ano, pois não nos olhamos no espelho só uma vez única vez. Temos que constantemente fazer o exame em nós mesmos para produzirmos frutos dignos e para o aperfeiçoamento espiritual.

Não devemos esperar que Deus faça nossa parte! Pois se renegarmos isso estaremos enganando a nós mesmos, pois ocultando nossas culpas não recebemos a Luz que é a graça de Deus, e não podemos nos livrar do mal em nós. Nos fazemos cegos, sem espelho, sem luz!

Tiago, nosso irmão disse: confessemos nos faltas uns aos outros, para que por meio disso alcancemos o perdão de Deus e a vida eterna. E João disse: Aquele que diz que não tem pecado é mentiroso. Mas se alguém pecar temos Cristo como nosso advogado.

Eu já examinei dentro de mim hoje? Como estou? Injuriei alguém hoje? Fiz o que devia ao próximo, ou o ignorei? Julguei-me ou julguei a outrem? Quantas vezes perdoei hoje?

Terminemos com o pensamento do poeta:

“Deus sempre estará pronto a fazer a sua parte para conosco, assim como o sol para aquentar e como a chuva rega o solo; mas isso se os nossos corações quiserem (…) Amados: Se Deus dá o seu sol e a sua chuva aos bons e aos maus; aos maus que se quiserem fazer bons, como a negará?”

Ainda dizia: Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras”.

Então, vamos a prática dessas palavras.

Agora leremos o texto preferido dessa querida irmã (Maria da Glória), nossa excelente mãe, que dorme entre nós:

Antes uma explicação:

Por “amor”, entendemos ser o sentimento mais nobre e verdadeiro conhecido pelo homem que dispensa explicações profundas, porém na raiz da palavra amor temos dois tipos, “amor carnal”, do grego EROS, e há o “amor eterno”, do grego AGAPE, que é o amor sublime que sentimos por Deus e nossos semelhantes que só podemos explicar na prática. E desse último amor sublime e excelso que falaremos.

Como todos sabem existem milhares de dons. Todos querem ter dons. Uns já tem e não sabem. Paulo disse em I Cor 13, para procurarmos com zelo os melhores dons; mas que existe um caminho ainda melhor do que ter dons. E é este:

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, mas não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine, um som momentâneo que acaba. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, mas não tivesse amor, nada seria! E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

O amor é sofredor, é benigno;
O amor não é invejoso;
O amor não trata com leviandade,
Não se ensoberbece.
Não se porta com indecência, não busca os seus interesses,
não se irrita, não suspeita mal;
Não descansa com a injustiça, mas descansa com a verdade;
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca falha;
mas havendo profecias, serão aniquiladas;
havendo línguas, cessarão;
havendo ciência, desaparecerá;
Porque, em parte conhecemos, e em parte profetizamos;
Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.
Quando eu era menino,
Falava como menino,
Sentia como menino,
Raciocinava como menino, mas,
Logo que cheguei a ser homem,
Acabei com as coisas de menino.
Porque agora vemos por espelho em enigma,
Mas então veremos face a face;
Agora conheço em parte,
Mas então conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.



Soberana de Glória


Rainha das Flores,
Deixaste aqui teus olores,
Em nós fica tua frescura.

Tua voz, doçura maviosa,
Sem pesares de tua luta,
Só hálito floral de tua alma serena.

As flores que tanto amavas
Soluçam tua ida ao arrebol,
Mas descortinam debruçadas teu farol.

Irradiam as flores teu nome,
Soberana, majestosa!
Maria da Glória, Generosa!

Mãe, namoravas tanto o céu rosa,
Lembro-me cá de toda tarde
Ao teu lado cor-de-rosa.

Viste? Cortejou-te hoje o crepúsculo!
Sorriu o sol vermelho sangue
E se fez carmim, teu portão.

Sei, andas sobre teu lar agora,
Teu caminho de algodão rosáceo,
Descanso, da semente que plantaste!

Até a Lua cresceu, alumiou-te mais.
Só para não se esqueceres das noites
Em que vimos juntos o seu brilho!

Quem pode ir contigo agora?
Mãe, eu conheci uma pessoa!
Ela me ensinou o que é o amor.

Pois o viveu, cada passo de sua vida.
Leu para mim versos de São Paulo:
O amor é sofredor,
O amor é bondoso,
Jamais é invejoso.

O amor é modesto,
O amor é honesto,
Nunca trata sem pensar.

O amor não é cobiçoso,
O amor não é irritadiço,
Nunca é desconfiado.

É padecedor.
Esperançoso.
Paciente.

O amor não é injusto,
Pois é sempre perfeito.
Ele nunca falhará!

Últimas Palavras à Genetriz


Caríssimos presentes, amados irmãos,
Unam-se a dor, afaguem-se as mãos,
Ouçam essa voz que lamenta com pesar ,
Da alma perene que sobrevoa o mar.
Gentil doçura, infinita realeza,
A majestosa imperatriz, alteza.

A planta rara solevantou um lar,
Jardim divino que soube contemplar.
Doou rubis com riso resplendente,
Atentou a todos, despendeu contente,
Bebeu o fardo sem perder a ternura,
Cruz suportou com extrema bravura.

Com teus gestos levantou os feridos,
Alimentou o sedento, visitou abatidos.
Os vendavais acalmou com sua brandura,
Traço excelente que teve por mesura.
Maltrataram-te da modéstia os espinhos,
Mas de alma frágil desfez os daninhos.

De onde jaz , em berço relicário ,
Não te impede nenhum escapulário .
Fôrma espelhada do formoso Cristo
Teu “berço esplêndido” dele equidisto .
Tuas lembranças são eternas, serenas,
Exalam o olor de tuas obras açucenas .

Nós desejosos de tua formosura
Professaremos a fé sem friúra,
Teu sono nos faz refletir tua hora.
Doravante morarás sobre a aurora,
Na noite estrelada, arrebol áureo ,
Onde o Redentor dará o teu láureo .



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Santo André, 06 de dezembro de 2011
Santo André, 28 de julho de 2013

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Dualismo Feminil






Conheço duas mulheres.

Qual é frágil?
Quem é poderosa?

Fácil quando olho as estrelas.
Se lá vejo o brilho - tácito.
Ou dele sinto falta - ácido.

São duas estrelas,
Uma cintila nos olhos das crianças
A outra o mulheril fulgura.

Uma é a alma
E a outra é a flor.
A alma é singela.
A flor é vermelha.

Uma canta, dança, fala,
Outra acalanta, cala.
A que fala olha a tela
A calada o peito martela.

Qual é frágil?
Quem é poderosa?

Os cianogênios olhos da fera
Cá as letras dilacera.
E a bela fulmina-me na artéria
Escorre meu negro sangue.

Aquela segura o aperto,
Essa desata o esperto,
Pois uma é a que fere
A outra que me ingere.

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domingo, 9 de junho de 2013

Orto Teu



Cá, o astrólogo acura lentes,
Permanece sereno,
Do lado mais escuro,
Em densa troposfera,
Esculpindo raras letras,
Galgando a tua silhueta,
Tateando tua luz cianótica.

Brilhas no teu dia profundo
Enalteces o mundo!
Teus ínvidos adormecem
Calcinados da luz e cálice ferino,
Mas teus fiéis genuínos
Te cortejam nas alturas
Solenizam tua meiga aurora.

Hoje se faz etérea tua luz,
No dia que coraste o céu,
Das especiais belas vezes
Que espiralaste os halos
E espalhaste pós celestes,
Sininho, deste asas à alegria,
Mas te roubou lindo louro.

Parabéns!
09/06/2013

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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Magistral Selva



Sou, ó mar bravio,

Só viúva gota
D’água, perene,
Que em teu golfo abraçada,
Suspira teu gene,
Dispo a espuma rota
De teu azul esguio.
Condene-me teu desafio,
Das águas a tormenta brota!
Cálida tua fina tez me depene,
Transpassa-me tua alvura delicada,
Pois habito teu berço solene
Deveras Cabral em tua rota,
Meu versejado leme guio.
Feneço ao braço que me cede,
Em tuas águas, candentes pingos,
Ardor, na alma compenetras.
E nessas noites infindas de luar
Com tormenta me penetras
Tuas preces, choramingos,
Loura cor que me embebece.
Sorvedouro de tua sede,
Nobre único pingo
Condensado de letras,
Chuva tórrida, teu alimento.
Teu vício à tua boca perpetras
Sem nenhum respingo
Diante do que te excede.





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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Falta de respeito geral, qual é a causa?

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Uma palavra sobre...


Pode não ter nada a ver com o vídeo, mas incrivelmente me lembrei da situação de uma sala de aula dos dias de hoje. Por isso escrevo.



Essa falta de respeito generalizada, ao meu ver, vem de todo processo de ensino e destruição de valores das últimas 2 décadas. Nesse ritmo, logo não conseguiremos sair nas ruas, seremos obrigados a arrumar outras formas de interagir com outro ser humano que não seja nosso amigo ou parente próximo.


Em São Paulo o PSDB E PMDB vem governando há mais de 20 anos, e na TV e mídia geral temos a hiper-valorização da mediocridade e fantasia. Hoje colhemos os frutos (espinhos) desse "lindooooo" trabalho.


Hoje vemos os resultados desse trabalho na Educação Pública, que de alguma forma refletiu na privada, e o na Mídia, ambos tolhem e deflagram a cidadania, a criatividade artística, formas de expressão humanas, etc. E para completar a desgraça, a busca desenfreada pelo prazer e o capital, o Hedonismo, comprometeu fortemente as famílias, assim as boas maneiras e um boa dose de "moralidade" fica em falta nas famílias. Os pais não dão limites aos filhos, mas mal sabem (ou sabem?) que estão criando monstros que assombrarão a sociedade.


Quem assiste TV pode confirmar a veracidade disso, foram anos de depressão progressiva, a agora estamos no fundo do poço. Culminamos com a "globarbarização total" (como diz Tom Zé), com a ERA DA IMBECILIDADE, onde músicas são coisas hediondas, pobres de música e letras monossilábicas e imbecis, os programas de TV são bobagens conhecidas como Reality Shows como BBBs, FAZENDA, etc. além disso, o humor inteligente está escasso, então surge o humor esganiçado, chocarreiro e tosco. O jornalismo virou patacoada. Nem a exibição de filmes promovem algo que humaniza. Porque vamos ligar uma TV em um desses canais padrões?


Na Educação não houve políticas para melhora e a cada ano há mais defasagem no ensino-aprendizado. Dei aulas para muitos alunos no Ensino Médio que mal sabiam ler. Noto que as crianças dos 6os aos 9os anos tem uma visão de mundo pobre, não sabem quase nada do nosso mundo, e o pior, nossa língua está ameaçada de extinção, pois eles não internalizam por falta de conhecimento dela. Assim, já tive enormes problemas com vocabulário, sendo chamado a atenção por falar palavras "vulgares", sendo que falava palavras cultas.


Enquanto isso os profissionais da Educação tem que ficar implorando por melhores salários e condições de trabalho, isso quando fazem greve (quando não são agredidos por ordem de governantes), se conseguem é o mínimo.


Alunos especiais foram "jogados" dentro das salas sem que houvesse nenhum preparo geral dizendo que os mesmos estão no regime de INCLUSÃO. Incluídos num CAOS?


Em alguns casos a aprovação é automática (continuada, mas na prática????) fazendo assim com que os alunos pensem que não precisam fazer os deveres. Então, a falta de disciplina se fortaleceu pela interpretação errônea de leis que deveriam proteger os alunos e tornam mais fácil o processo. Ao invés disso, de proteger, favoreceu o desleixo e tirou a autoridade do professor e educadores em geral, tudo para evitar os processos. "Para que eu vou respeitar os mestres se não respeito nem meu pai", me disse um aluno.


Os responsáveis (governo) só se preocupam com índices como IDESP, PROVA BRASIL, SARESP etc. onde há certa manipulação para maquiar bons resultados na Educação, assim o educador se torna vítima.

Os alunos que se formam não tem condições nenhuma de fazer um vestibular, pois é no 3o ano do Ensino Médio que alguns acordam, mas então é tarde! O resultado é que as Faculdades admitem e promovem mesmo assim, então, temos hoje, salas terríveis nos cursos de graduação, com nível baixíssimo, com os mesmo problemas do ensino fundamental e médio, e esses cidadãos se formam e são nossos médicos, advogados, dentistas, etc.


Ensino sério mesmo fica só para aqueles que um dia vão assumir grandes e médias empresas da família ou privilegiadas posições sociais!

sábado, 27 de abril de 2013

Música Monossilábica: Era da Imbecilidade





    Vejam a que ponto chega a fantasia humana. Enquanto os poetas se refugiam nos espaços virtuais para publicar suas obras cheias de espiritualidade, a Mídia Ignorante os ignoram para promover o lixo cultural digno de nosso dó.

    Essa pobreza a que chamam de música (sem entrar no mérito de elementos da música) é estiolada de criatividade e extremamente reles. Para o "trabalho" que me refiro não precisa nem de argumento, mas vamos seguir o protocolo e dar o único.

    Nossa língua possui inúmeros monossílabos com distintos e ricos significados, os da "Era Imbecilidade" promovidos pela Mídia Ignorante não têm significados, nem mesmo onomatopaicos, diga-se de passagem! O que espanta é o grande número de aceitação a essa troça pútrida.

Eis uma troço monossilábico sem significado algum:

"Eu quero tchu, eu quero tchã. Eu quero tchu tcha tcha tchu tchu tchã. Tchu tcha tcha tchu tchu tchã”.

    Ainda que os linguistas (eu também sou um) mostrem que há uma tendência dos falantes em abreviar as palavras mudando o léxico conforme o tempo passa, não justificativa para a perda de sentido. Um exemplo é a fala caipira, onde se registra: ocê (você) ou mesmo um simples "cê" falado até mesmo pela população não caipira. "Cê tá bem", uma fala empregado por muitos, mas todos tem o mesmo sentido da palavras que deram origem " Você está bem?" A justificativa linguística é que em diálogos e meios eletrônicos se busca maior velocidade e fluidez, assim quanto mais abreviado e mais curtas as palavras mais eficiente a comunicação.

    A música brasileira desde os anos 80 vem sendo desconstruída, nem parece que existiram gênios como Jobim, Cartola, Noel Rosa, Adoniram, etc. Então, desde o Rock ruim até a geração dos pagodeiros vimos coisas horrendas e de pouca qualidade, entretanto depois do fim do "É o Tcham" que inaugurou a ERA BUNDA na música, as bundas deixaram as telas para dar lugar a música paleozóica monossilábica em forma de sertanojo e para acabar contudo o Funk de hoje.

Contemplemos uma verdadeira obra monossilábica publicada no Recanto das Letras do poeta Josias da Silva:

SOL SEM LUZ

O Sol, no céu, me dá o tom da luz,
da cor, do som que me vem nu, que traz
na luz do Sol, no céu a cor da cruz
e sem ter dó em luz de dor me faz!

A dor que vem é dom que não faz jus
à cor, ao tom, à luz que tem na paz
e nu me faz à luz do Sol que pus
no céu de dor, e cor, e luz... não mais!

No céu de dor de um Sol sem par, na fé
eu vou, de luz em luz, na dor e sei
que a cor e o tom da luz de dor me vem...

E traz a mão que faz a cor da lei
da dor que vem, e sei que luz não é;
No céu de dor, meu Sol a luz não tem!

BLUE FUNK (Verdadeiro Funk)


Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=46820#ixzz2RglPHQPA
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives

Outro artigo:
http://www.revistabula.com/332-mib-musica-imbecil-brasileira-o-sertanejo-universitario-na-era-da-imbecilidade-monossilabica/

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Projeto Arranjadores - Orquestra Experimental de Repertório


Orquestra Experimental de Repertório em Festival de Campos do Jordão 2012




Marcos Kiehl, solista

A Orquestra Experimental de Repertório é uma orquestra de jovens bolsistas de São Paulo que conta com a presença de monitores que são mestres. Um exemplo é o mestre pela Manhattan School, Marcos Kiehl, (foi meu professor) que está como monitor desde o início do projeto do maestro Jamil Maluf em 1990. A orquestra foi escola de muitos músicos que atuam como profissionais hoje, para citar um exemplo, o Toninho Carrasqueiras, que iniciou quando ela era Orquestra Jovem. O projeto da orquestra "tem por objetivos a formação de profissionais da mais alta qualidade, a integração ao instrumental sinfônico de instrumentos que representem uma autêntica conquista da nova tecnologia, com reflexos estimulantes à criação musical, como os sintetizadores, por exemplo, e a difusão de um repertório abrangente e diversificado que mostre o extenso alcance da arte sinfônica de qualidade." (Portal da Prefeitura de SP) 


Jamil Maluf
Fonte: Folha
Bem, não sei se a orquestra, que tem a direção de Jamil Maluf, experimenta repertório como deveria, pois temos inúmeros compositores brasileiros que escreveram para orquestra e até hoje vimos poucas dessas obras sendo executadas. Dentre muitos trabalhos, cito um que foi realizado recentemente para celebração do 400 anos de São Luís do Maranhão, do amigo compositor Ubiratan Sousa, que elaborou uma Suite Maranhense, com diversos ritmos regionais como o Boi e o Tambor de Crioula de forma magistral e inédita, com fusões dos sotaques e ritmos. Penso que um projeto desses seria ótimo se fosse aprovado para execução na Orquestra Experimental, assim como a obra de outros amigos, que deveriam fazer o mesmo, apresentar esse tipo de projetos já que a orquestra tem esse objetivo.


Nesses anos a orquestra tem apresentado o mais diverso repertório como música de cinema, com a série "Cinema de Concerto" que mostram a trilha sonora dos filmes italianos (Poderoso Chefão, a Vida é Bela, etc.), além de Hitchcock/Hermann, Spilberg/J. Williams. Também executam algumas óperas que são pouco tocadas e alguns compositores estrangeiros desconhecidos.

O Projeto que deixo para apreciação se chama ARRANJADORES, muito primoroso, pois exalta como se deve a produção dos mestres arranjadores que escolheram também a música popular brasileira como parte integrante da música de concerto. Infelizmente a orquestra não tem um site oficial, então fica os links do Youtube:






http://youtu.be/_WxNOkUwY1I (Duda do Recife)




Abraços
Wagner Ortiz
http://homolitteras.blogspot.com.br/







domingo, 13 de janeiro de 2013

Elegia ao Violinista Aluísio Moreira






Amou a música de tal forma
Que a alma debruçava serena,
Ao violino, no seu choro de notas,
Com as terças de pueril lamento
Solfejou todo seu sentimento.

Tocou sem arrependimento,
Pudera! Sarou feridas, curou
Os ouvidos, das mazelas,
De loucas e dos loucos
Que dele fizeram tão pouco.

Afligiu de tal modo o som,
Forcejou o violino, o dom,
Que a paz, enroscada ao arco,
Espalmava o coração do parco,
Do seu concerto sem palco!

Seu violino se calou por três vezes!
Quando fora tirado por larápio,
Mas, devolvido depois, intacto!!!
Tanto foi a saudade do menino
Quanto grato tocou um hino!!

Depois fora tirado por simonia,
Condenado a dura nostalgia!
Novamente os gatunos, os Judas,
Que trucidaram-no por meros atos,
Corroboraram-no a dor, pecado de fato!

Então, sem teto, sem igreja,
Na CALUDA dos Aldravões,
Sem tom, simoníacos do som,
Carlitos decrépito lacrimeja,
Murcho definha... Cala-se, é o fim!


Fica a lembrança de tua formosura,
Do teu som, da tua paz e paciência!
Descanse em Paz amigo Aluísio Moreira!

Wagner Ortiz
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