segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Palestras sobre Dicionário do Crentês

Todos os direitos reservados aos autores.
Wagner Ortiz, Reg>BN 178-2/299-3

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Endorréia na língua





Os vícios de linguagem chegam, entram e se instalam como uma praga, eles se apossam da língua coloquial, onde ganham força, e depois estrangulam a língua culta travando uma verdadeira guerra entre língua e linguarudos que, muitas vezes, se esforçam em vencer essa guerra, pois, parafraseando e filosofando sobre os versos do poeta Olavo Bilac, assim como ouviram pela primeira vez as palavras “meu filho” e internalizaram o idioma tataraneto do latim, flor do Lácio, da mesma forma internalizam as pragas.



Dentre os vícios medonhos que ainda permanecem, já que os mesmos são esquecidos por serem meros modismos passageiros, se discute polemicamente o pedante gerundismo, que se tornou uma praga na língua portuguesa do Brasil no final século XX.



Existe o legítimo caso na língua, que ocorre com o uso do gerúndio para comunicar ações simultâneas, por exemplo, “vou estar dormindo na hora do show”, diferente desse gerúndio vicioso que também segue regra própria, ou seja, usa locuções como, por exemplo, “vou + estar + verbo no gerúndio” e também observa-se, “ verbo auxiliar + verbo infinitivo + estar + verbo no gerúndio”. Com estas formulas se constroem as presunçosas frases “ vou estar falando”, e presunçosas e pegajosas como esta dita pelo famoso pastor Silas Malafaia Jr., “ você vai poder estar ligando”.



Todo esse trabalho e pedantismo tem o objetivo de indicar uma falsa ação futura com precisão. E, além disso, acompanha essa idéia um pensamento piegas, ou melhor, a ilusão de que se fala sofisticadamente, daí o uso do gerundismo por pessoas das áreas comercial, marketing, da classe média alta e dos exibidos que as acompanham.



Depois de tantos debates sobre o assunto e a mídia “fuzilar” o gerundismo, as pessoas tentam a autocorreção, o que se torna difícil quando o uso é constante, repetitivo e maçante. Entretanto, há outras dificuldades nessa língua tão clássica e cheia de flexões herdadas do latim.



Igualmente, línguas preguiçosas preferem os modismos e ainda evitam o uso do futuro do presente, especialmente de alguns verbos como, por exemplo, “ querer, poder, fazer, dizer,” que geram “quererei, poderei, farei, direi”, este tempo geralmente é trocado por, “vou querer, vou poder...” sem problemas. Contudo, temos que tomar cuidado, como é o caso do ministro de minas e energia, Nelson José Hubner Moreira, durante uma coletiva: “a União nunca se desfazerá dessa instituição que gera bilhões”.



Portanto, a língua portuguesa deve ser tratada com seriedade pelo falante, e, não há necessidade de tais modismos importados que soam falsamente como sofisticados e que aleijam a língua comodista dos “falantes linguarudos” sendo que , essa língua é suficiente bela e sofisticada.



Wagner Ortiz




Todos os direitos reservados.
BN 178-2/299-3