quinta-feira, 16 de junho de 2011

AS ARTÉRIAS DA PEDRA by M.Chamie


AS ARTÉRIAS DA PEDRA


A pedra não filosofa.

Ela bloqueia no seu bloco

de pedra o pensamento

e a sua corda.

A pedra não acorda as coisas

nem dá corda

para metafísicas plangentes.

No seu bloco bloqueado,

a pedra dispensa a ânima

e o ânimo do fluxo líquido

das correntes.

A pedra não corre.

Ela se estaca

e se adensa

no lugar em que se assenta.

Quieta,

a pedra é menos lição

e mais experiência.

Contra ela batem coisas,

batem ventos

e batem outras pedras

diversas.

Mas ela não se move

nem se dispersa

em sua imóvel

siesta.

Nem no sono de sua siesta,

a pedra regurgita por dentro

algum pétreo

som de estômago.

Ou algum flúor

indômito

de qualquer ânsia

de vômito.

A pedra não metaboliza

nem expulsa seus alimentos

nos íntimos arcanos

de seu templo.

Ela concentra nos intestinos

de sua natureza

a cúpula fechada

e a argamassa espessa

de sua igreja.

Isto porque a pedra

mais dorme

do que come.

E o sono dela não é nem sonso

nem elétrico.

Seu sono de pedra

não é o sono épico

ou lírico

de um homem que sonha leve

e aceso.

Bem ao inverso,

seu sono,

de chumbo eterno,

é um sonho paralítico

e paquidérmico.

Tanto que,

silêncio calmo,

as artérias da pedra

são átomos

que, dentro dela,

não se explodem,

compactos que são

em seus ásperos

conformes.

Pois esta é a ciência

de seu nome: - a pedra

não tem as artérias

das árvores,

nem as artérias de nosso corpo

plantado nas veias

de nossa carne.

Dessa ciência,

a diferença nasce,

magna e plena,

entre a pedra

(com o minério esquivo

do seu todo exposto)

e a nossa carne

(com o mistério vivo

no peso de nosso corpo).

Por isso,

a diferença da ciência

da pedra

está no confronto

pronto de suas artérias.

E a diferença é esta:

- As artérias da pedra

só se fixam no todo

dos seus átomos exangues

e impávidos.

Assim inerte,

a pedra inscreve

o império

de seu monólogo fechado.

- As artérias do corpo,

ao contrário,

só se movem na carne

do nosso sangue

e seus intrépidos coágulos.

Assim ativa,

a carne aviva

o espelho

de seu diálogo sangrado.

Autor:
Mario Chamie

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Ondas Martenot


Com a era dos aparelhos elétricos resultado das intensas pesquisas no séc. XIX, nasce um instrumento único a base oscilações elétricas, inventado por Maurice Martenot, nascido em 1898. O instrumento foi apresentado pela primeira vez em 1928.

A base do instrumento é o princípio do oscilador heterodino, o som é produzido pelo batimento entre dois circuitos oscilantes agrupados, assim as diferentes frequências são produzidas por esse princípio, depois devidamente ampliadas em um amplificador tradicional. A mudança de altura dos sons consiste na agitação sobre o condensador variável de um dos circuitos, já os timbres são realizados por meio de filtros, componentes e outras peças que interferem nos harmônicos*.

O instrumentista conta com um teclado oscilante e de uma fita munida de de um anel que, desclocando-se diante do teclado, permite realizar glissandos* sem descontinuidade.



No instrumento ainda se encontra uma gaveta que possui controles da intensidade e ataque, além de uma série de botões de registro para compor o timbre.



A extensão é de  sete oitavas* que vão: Do1 até Si6


Tradicional Ave Maria de Gounod - Exposição


Messian


Os compositores franceses do século XX em grande parte escrevam para onda martenot, pois são exercícios obrigatórios de uma disciplina de estudo no Conservatório de Paris, assim um a lista enorme como:



G. AURIC : La P.. respectueuse ondes and orchestra...

P. BOULEZ : Les poèmes de Char ondes, voice and piano

S. BUSSOTTI : Due voci ondes, soprano and orchestra -
Pièces de chair ondes and instrumental ensemble...

R. CALMEL : Stabat Mater ondes and orchestra...

J. CHAILLEY : Casa Dei ondes, voice, choir and orchestra -
Les Perses d'Eschyle ondes, choir, percussions and orchestra...

J. CHARPENTIER : Concerto ondes and orchestra -
Concertino alla francese ondes, string orchestra and percussions -
Suite Karnatique ondes solo - Rasikapria quatuor d'ondes - Lalita onde et percussions - Lied ondes solo ...

H. DUTILLEUX : Trois tableaux symphoniques orchestra with ondes -
La fille du diable (suite) orchestra with ondes

A. HONEGGER : Jeanne au Bûcher ondes, orchestra, choir, solists -
Concerto en Ut -ondes and orchestra -
Le Soulier de Satin (10 hours long theater play) ondes, voice and orchestra...

A. JOLIVET : Concerto ondes and orchestra - Suite delphique ondes and instrumental ensemble...

C. KOECHLIN : Seconde symphonie opus 196 orchestra with ondes -
Le buisson ardent orchestra with ondes...

M. LANDOWSKI : Concerto - Le Fou (opéra) - Montségur (opéra) -
Messe de l'Aurore - La vieille maison ...

B. MARTINU : Fantaisie -ondes, piano, oboe, string quartet

O. MESSIAEN : Trois Petites Liturgies de la Présence divine ondes, piano, women or children choir,
small ensemble - Turangalîla Symphonie ondes, piano and symphonic orchestra -
St.François d'Assise opera with 3 ondes, orchestra, choir, soloists... -
Fête des Belles Eaux 6 ondes - Feuillets Inédits ondes and piano

D. MILHAUD : Suite ondes and piano or ondes and orchestra -
 L'annonce faite à Marie 2 ondes and instrumental ensemble -
Hamlet ondes in a band

M. RAVEL : Pièce en forme de Habanera ondes and piano -
Quatuor à cordes 4 ondes - Sonatine ondes and piano (authorized versions by RAVEL)

H. SAUGUET : Symphonie n°4 orchestra with ondes - Oratorio de Noel

A. TOMASI : L'Atlantide opéra-ballet

E. VARESE : Ecuatorial 2 ondes, choir, instrumental ensemble -
Nocturnal ondes, choir and instrumental ensemble

B. WISSON : Kyriades ondes, piano and orchestra (or tape) concerto jazz -
Mais si Robert ondes and tape...


And works by D. ALBARN, C. ARRIEU, T. AUBIN, C. BALLIF, BARRAUD,
E. BERNSTEIN, T. BLOCH, J. CANTELOUBE, C. CHAYNES, J. CHING, J.R. COMBES,
M. CONSTANT, N.T. DAO, DELERUE, J.C. ELOY, J. EVANGELISTA, M. FOISON,
J. GREENWOOD, J. HANDELSMAN, J. HESPOS, J. BERT, M. JARRE, F. LAI,
J. LANGLAIS, P. LE FLEM, D. LESUR, M. LEVINAS, C.S. LEVINE,
C. LOOTEN, J. MARTINON, J.E. MIKALSEN, N. OBOUHOW, B. PARMEGIANI,
F. RAUBER, M. REDOLFI, G. REIBEL, J.C. RISSET, J. RIVIER, E. ROLIN,
F. SCHMITT, SAINT PREUX, Y. TAIRA, A. TAMBA, O. TOUCHARD,
A. TISNE, T. WAITS, Y. WYSCHNEGRADSKY...

Bibliografia:

R. Candé - Dicionário Musical
Thomas Bloch - http://thomasbloch.chez.com/engONDES.htm
Historique de l'étude de l'Ondéa http://www.cslevine.com/ondes/histOndea.htm