quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Rosa Negra




Rosa Negra

Suadas pétalas negras,
Cansadas pálpebras tristes!

Calada voz vocifera
O amargo fel infestante
Que a alma dilacera,
E o poeta implora taciturno,
Quedo, mudo, noturno.

Cansadas pétalas negras,
Suadas pálpebras tristes!

Não há Arlequim nem Pierrô,
Só a pele marcada, dourada,
Serena, cravada com os espinhos da flor,
A negra flor que outrora foi ardor.

Cansadas pétalas negras,
Suadas pálpebras tristes!

E os olhos trazem a imagem,
O reflexo da negritude flor,
Espedaçada, espalmada do ardor,
Retina desprezada, mal amada.

Suadas pálpebras tristes,
Cansadas pétalas negras!

Do ferrão brota uma ateia,
E a triste aranha fia a teia,
Nas pálpebras tristes alteia,
De fulgaz espírito agora vagueia.

O talo da planta crava,
Enterra no seio, sem receio.
O espinho encardido rejeita,
Aleija o peito, não tem jeito.

Mas o sonho sob a pele dourada,
Serena, morena, marcada,
Cravada com os espinhos da flor,
Desabrocha um rebento vigor.


Enxutas pálpebras tristes,
Morta enfim a rosa negra!

©2010 - Wagner Ortiz
Foto: não foi localizada a autoria

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá,
que coisa mais linda!

Esse poema é sensacional, doce e muito profundo, muito bem escrito, muito bom mesmo...

O que dizer...sempre é muito bom ler seus textos carregados do sangue de poeta.

Parabéns!

Bjokas SU :)

Celso Mathias disse...

MUITO BOM MESMO!
Me traduziu em um amor perdido...
Sofrido...Cansado! Abraços

Anônimo disse...

Obrigado amigos!