domingo, 21 de fevereiro de 2010

O que você levaria, em cinco minutos, se sua casa fosse desabar?


Talvez levasse a mesma coisa que qualquer pessoa comum nessa situação: algumas roupas, cobertor, documentos, fotos, ou seja, coisas de extrema necessidade. Mas estou certo de que me conheço muito bem e talvez não daria importância a roupas ou documentos, e sim a prioridade seria salvar minha obra de arte, seria a primeira coisa em que iria pensar. Minhas centenas de composições e escritos com certeza seriam parte deste salvamento. E o que dizer daquele meu livro quase bicentenário que pertenceu ao meu bisavô e tataravô?
Ai meu Deus! Como pude me esquecer! A minha coleção de flautas doce e minha flauta de prata que me custaram muitas horas aulas, como poderia deixá-las.
Com certeza me conheço mesmo! Não salvaria mesmo sequer um par de meias e nenhum destes pertences, inúteis para mim nesta hora, só salvaria a arte.
Falta alguma coisa? Sim.
Levaria ainda a eterna saudade do velho casarão da família,
Único do gênero,
Moldado pelo esforço de papai,
Tijolo por tijolo,
Conquista por conquista.
Levaria a nostalgia daquelas noites quentes na varanda,
A lembrança da infância,
Das fogueiras de São João,
Da pitangueira, do fogão de lenha,
Do poço e da bomba d’água,
Do sotão mal-assombrado,
Do cheiro do jardim de mamãe...

Tudo isso, com certeza, levaria na poesia dos meus versos, mas o duro seria levar tudo ao esquecimento.

Um comentário:

Maely Duarte disse...

Olá Professor..
Com grande prestígio que começo a conhecer e apreciar suas obras de arte. Te parabenizo pelos seus trabalhos, sua visão ampla e objetiva de arte. Apenas de entrar em contato com suas poesias, suas obras, suas composições, elas já me acrescentaram muito, trouxeram ao meu horizonte grandes reflexões, são verdadeiras expressões que sintetizam totalmente os sentimentos e nos fazem analisar os devidos acontecimentos de uma forma distinta.
Um abraço e continue seguindo com a arte!