quarta-feira, 30 de setembro de 2009

CiberVida





Atente p@r@ o monitor pobre,
Emite imagem que vê e não se sente visto.
Com todas suas cores e uma força da GForce
Inspira o pintor, o poeta, leva o navegador
A atravessar o Cabo das Tormentas do Gigabits,
"Se nos mostra no ar, [ na rede] robusta e válida"
O Quatri-Tataraneto do "barba esquálida",
Adamastor, que os meninos só veem no Senhor do Anéis.
Nenhum deles viu mesmo o Rodes Colosso,
Nunca mesmo o Caolho Camões, nunca nos Lusíadas,
Só no caótico, Gigabits no leitor óptico caolho, no JPG,
Sozinhos, sem seus pais,
(pois, longe, estão na rede no quarto, "pegando" na internet),
[Ou trampando pra sustentar seus vícios capitalistas supérfluos],
E nada impede em toda essa história ciber
De ver o vidro, o LCD, o Plasma, Neon-mundo
Que dá a luz maravilha YoutubeTwitter,
Orkut, quinta-feira ainda existe?
Matam de tédio o rato,
Que é apertado apalpado,
E nem ao menos nas suas rodagens
Mickey Clic Mouse é coadjuvante,
Nem ator, nem nada,
É um bolha, já foi bola, é laser lazer
É um X-eixo é Y-eixo
E nessa cibervida é "nadatodahoraétudo".
E a vida criança
E a vida adolescente
E a vida adulta
Morre na cibervida
E a vida velha vicia
E a vida da vida vive lá fora
Vive lá dentro
Vive no widescreen
Me chama no MSN
E canta no mic-music MPX,[ X, pois ainda virão muitos)
Passeia no SecondLife
Futrica no Orkut
Mora no blog da putada,
Nessa vida não se fala,
Rematraqueia a língua dos do chá das 15:00. (ou do Bill?)
[E daí quase escrevo tudo em itálico, né]
Desleixados, mas globalizando,
Uns dizem fora do eixo,
Outros perfeitos,
Nem veem defeitos.
Geração coca-cola não cola
CD, já era
E então, fazê o que?
[Firmão, vai que é belê,
Se ficá, nóis, tipo, ficá ficô!]
O revés MPX berra nos ouvidos,
Os ouvidos travados, cerrados,
A boca repleta de metaplasmos, mal soam,
E a cibervida vive?
Escola é o Google,
[Assim ó]: Clic, Ctrl+X, Ctrl+V
Print, Toma ae mané!
Fui!!!!!!!!
[É assim, só assim]
Download, games, RPG, Killers,
E o monitor cansa da cara
Caricatura do cara ciber
Do mano ciber
Do Twitto
Do Meleca na cabeça
E o século vai andando...
E para que serve mesmo esse botão?


©Wagner Ortiz 2009

domingo, 27 de setembro de 2009

O Barroco



Introdução.



O termo Barroco denomina genericamente todas as manifestações artísticas dos anos 1.600 e início dos anos 1.700. Além da literatura estende-se á música, pintura, escultura e arquitetura da época.
O vocábulo “barroco”, de duvidosa etimologia, designava originalmente um tipo de pérola de forma irregular, ou, de acordo com a filosofia, um esquema mnemônico. Com o tempo passou a significar todo sinal de mal gosto, e por fim, a cultura própria do século XVII e do início do século XVIII.
O Barroco também é chamado de Seiscentismo por ser a estética dominante nos anos de 1.600 (século XVII).
Em Portugal o Barroco ou Seiscentismo tem seu início em 1.580 com a unificação da Península Ibérica, o que acarretará um forte domínio espanhol em todas as atividades, daí o nome Escola Espanhola, também dado ao barroco lusitano. O período se estenderá até 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, já em pleno governo do Marquês de Pombal, aberto aos novos ares da ideologia liberal burguesa iluminista, que caracterizará a segunda metade do século XVIII.





Momento Histórico.

O comércio e a expansão do império ultramarino levaram Portugal a conhecer uma grandeza aparente. Ao mesmo tempo em que Lisboa era considerada a capital mundial da pimenta, a agricultura lusa era abandonada. As Colônias, principalmente o Brasil, não deram a Portugal riquezas imediatas: com a decadência do comércio das especiarias orientais, observa-se o declínio da economia portuguesa. Paralelamente, Portugal vive uma crise dinástica: Em 1578, levando em diante o sonho megalomaníaco de transformar Portugal novamente num grande império, D. Sebastião desaparece em Alcácer- Quibir, na África; dois anos depois, Felipe II da Espanha consolida a unificação da Península Ibérica- tal situação permaneceria até 1.640, quando ocorre a restauração (Portugal recupara sua autonomia).
A perda da autonomia e o desaparecimento de D. Sebastião originam o mito do Sebastianismo (crença segundo a qual D. Sebastião voltaria e transformaria Potugal no Quinto Império). O mais ilustre Sebastianista foi se dúvida o padre Antônio Vieira.
A unificação da Península veio favorecer a luta conduzida pela companhia de Jesus em nome da contra-reforma: o ensino passa a ser quase um monopólio dos jesuítas, e a censura eclesiástica torna-se um obstáculo a qualquer avanço no campo científico-cultural.Enquanto a Europa conhecia um período de efervescência no campo cientifico, com as pesquisas e descobertas de Francis Bacon, Newton, entre outros, a Península Ibérica era um reduto da cultura medieval.
É nesse clima que se desenvolve e estética barroca, notadamente nos anos que se seguem ao domínio espanhol, já que a Espanha é o principal foco irradiador do Novo Estilo.





Características literárias.

Todo rebuscamento que aflora na arte barroca é reflexo do dilema, do conflito entre o terreno e o celestial, o homem e Deus (antropocentrismo e teocentrismo), o pecado e o perdão a religiosidade medieval e o paganismo renascentista, o material e o espiritual, que tanto atormenta o homem do século XVII.A arte assume, assim, uma tendência sensualista, caracterizada pela busca do detalhe num exagerado rebuscamento formal.
A produção literária é caracterizada principalmente por poesias e sermões de cunho religioso.
As poesias desse período tinham geralmente longos títulos explicativos.
O Barroco procurou conciliar uma síntese utópica a visão do mundo medieval, de base teocêntrica, e a ideologia clássica, renascentista, pagã, terrena, antropocêntrica.
Pode-se notar dois estilos no barroco literário: O cultismo e o conceptismo:
Cultismo: caracterizado pela linguagem rebuscada, culta, extravagante, pela valorização do pormenor mediante jogos de palavras, com visível influência do poeta espanhol Luís de Gôngora, daí o estilo ser também conhecido por Gongorismo.
Conceptismo: marcado pelo jogo de idéias, de conceitos, seguindo um racíocionio lógico, racionalista, que utiliza uma retórica aprimorada. Um dos princípais cultores do conceptismo foi o espanho Quevedo, do qual deriva o termo Quevedismo.

Um crítica do Padre Antônio Vieira ao estilo cultista:
“Se gostas de afetação e pompa de palavras e do estilo que chama culto, não me leias. Qundo este estilo florescia, nasceram as primeiras verduras do meu;mas vale0me tanto, sempre a clareza, que só porque me entendiam comecei a ser ouvido.(...) Este desventurado estilo que hoje se usa, os que o quere honrar chamam-lhe culto, os que o condenam chamm-lhe escuro, mas ainda lhe fazem muita honra. O estilo culto não é escuro, é negro, e negro boçal e muito cerrado. É possível que somos portugueses, e havemos de ouvir um pregador em português, e não havemos de entender o que diz?!”





Características da arquitetura.

Durante o período barroco, duas tipologias protagonizaram as pesquisas formais e construtivas: o palácio e a igreja. Os arquitetos barrocos entendiam o edifício de forma integrada, como se fosse uma grande escultura, única e indivisível. A sua forma era ditada por complexos traçados geométricos (muitas vezes baseados em formas curvas e ovais) que imprimiam qualidades dinâmicas aos espaços e às fachadas. Ao mesmo tempo, abandonaram os rígidos esquemas baseados na cultura clássica.A arquitetura caracterizou-se pelo uso de colunas, frisos, arcos e cúpulas. Como decoração recorreram a baixos-relevos, pinturas, mosaicos, mármores e talha dourada.










Características da Pintura.


Na pintura verificou-se, neste período, além da transformação estilística, o alargamento dos gêneros e das próprias dimensões desta forma de arte, de maneira a integrar organicamente os espaços arquitetônicos.
Esta atividade artística recorreu a cores quentes (amarelos, vermelhos, dourados), a jogos de luzes e sombras; arte do retrato intensificou-se.




Características da escultura.

Na escultura barroca procurou-se explorar o dramatismo das figuras representadas, tentando suscitar os sentimentos do observador.
Esta arte caracterizou-se pelo movimento, expressão de sentimentos fortes (dor, sofrimento, paixão) e pelo grande exagero das formas.



Obra de Aleijadinho com características barroca.




Produção literária.


Os dois principais autores o português Padre Antônio Vieira e o Brasileiro Gregório de Matos tivera suas vidas divididas entre Portugal e Brasil.

A Cristo Senhor Nosso crucificado, estando o poeta na última hora da sua vida


Meu Deus, que estais pendente em um madeiro,
Em cuja lei protesto viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme, e inteiro.

Neste lance, por ser o derradeiro,
Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai manso Cordeiro.

Mui grande é vosso amor, e meu delito,
Porém pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor, que é infinito.

Esta razão me obriga a confiar,
Que por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.

Gregório de Matos



Outros nomes importantes em Portugal: D.Francisco Manuel de Melo, Padre Manuel Bernardes, Cavaleiro de Oliveira (Francisco Xavier de Oliveira), Matias Aires. Na poesia Francisco Rodrigues Lobo. Na historiografia Frei Luís de Sousa. Na epístografia Soros Mariana Alcofarado e no teatro Antônio José da Silva.


Cá neste monte estéril, seco e alto,

Para onde vim fugindo do castigo

Que em tantos montes deu tão grande assalto,


À vista do destroço e do perigo

Que me ameaça, estou continuamente

Fazendo estreitas contas só comigo.


Mas até neste estado descontente,

Aonde não tem lugar outra lembrança,

Sempre, senhor, na minha estais presente


Lá voa o pensamento e lá descansa,

Aonde vós, descuidado, descansais,

Se em tal tormenta alguém goza bonança!



Se lá não chega o eco de meus ais,

O sentimento e mal de minhas dores,

Que à vista das alheias crescem mais,

Os queixumes ouvi dos meus pastores,

Como algum hora, mais alegre, ouvistes

As graças e o louvor de seus amores.

E, pelo que em meus olhos sempre vistes,

Julgareis se fugi com força ou gosto

De quem (para mor mal) foge dos tristes.


Porém o couto é tal, aonde estou posto,

Que mais tem semelhança do tormento

Do que para os fugidos melhor rosto.


Graças ao meu provado sofrimento,

Que faz tão pouca conta do seu dano

Que ainda culpa o fado de avarento,


Lá vos envio Gil, Franco e Montano;

Eles darão sinal do que eu padeço,

Sem refolho, sem erro e sem engano.


O que há neste desvio vos ofreço:

O estilo, as palavras tão singelas,

A que tirou a arte a graça e preço.


Porém não dana ouvi-las e sabê-las;

Tirai-lhe a casca como a qualquer fruta

E então direis do fruito que achais nelas.


E, se algum dos censores que me escuta

(Que, por mais fundo vau que estê diante,

Sem asas quer passar com a roupa enxuta)


Disser que é ser pastor ser ignorante,

Nem as razões estão só no concerto,

Nem no vestir custoso o ser galante.


Vós que a verdade vedes mais ao perto,

Aceitai, Paiva ilustre, o meu cuidado,

Que vai qual sofre o mal deste deserto.

E, enquanto nele vivo desterrado,

Aonde nenhum prazer já me convida,

Me avisai se estais livre e descansado;

Terei prazer, descanso, gosto e vida.


Francisco Rodrigues Lobo.



Padre Antônio Vieira.


Nasceu em Lisboa em 1608. Com sete anos vem para a Bahia; em 1623 entra para a campainha de Jesus. Após a restauração (1640), movimento pelo qual Portugal liberta-se do domínio espanhol, retorna a terra natal, saudando o rei Dom João IV, de que se tornaria confessor.
Ninguém angariou tantas críticas e inimizades quanto o "impiedoso" Padre Antônio Vieira, detentor de um invejável volume de obras literárias, inquietantes para os padrões da época.
As Profecias constam de três obras: História do Futuro, Esperanças de Portugal e Clavis Prophetarum. Nelas se notam o sebastianismo e as esperanças de que Portugal se tornaria o "quinto império do Mundo". Segundo ele, tal fato estaria escrito na Bíblia. Aqui ele demonstra bem seu estilo alegórico de interpretação bíblica (uma característica quase que constante de religiosos brasileiros íntimos da literatura barroca). Além, é claro, de revelar um nacionalismo megalomaníaco e servidão incomum.
O grosso da produção literária do Padre Antônio Vieira está nas cerca de 500 cartas. Elas versam sobre o relacionamento entre Portugal e Holanda, sobre a Inquisição e os cristãos novos e sobre a situação da colônia, transformando-se em importantes documentos históricos.
O melhor de sua obra, no entanto, está nos 200 sermões. De estilo barroco conceptista, totalmente oposto ao Gongorismo, o pregador português joga com as idéias e os conceitos, segundo os ensinamentos de retórica dos jesuítas. Um dos seus principais trabalhos é o Sermão da Sexagésima, pregado na capela Real de Lisboa, em 1655. A obra também ficou conhecida como "A palavra de Deus". Polêmico, este sermão resume a arte de pregar. Com ele, Vieira procurou atingir seus adversários católicos, os gongóricos dominicanos, analisando no sermão "Porque não frutificava a Palavra de Deus na terra", atribuindo-lhes culpa.
Trecho do Sermão da Sexagésima, no qual o padre critica seus contemporâneos:
“Ter nome de pregador, ou ser pregador de nome, não importa nada; as ações, a vida, o exemplo, as obras, são as que convertem o mundo.”
Vídeo sobre o Padre Antônio Vieira.
Intróito do sermão da sexagésima onde Pe. Antônio Vieira se propõe a analisar de quem era a culpa por não frutificar a palavra de Deus:
Ora, suposto que a conversão das almas por meio da pregação depende destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por qual deles devemos entender a falta?Por parte do ouvinte, ou por parte do pregador, ou por parte de Deus?”




Referências bibliográficas:

MOISÉS, Massaud. A literatura Portuguesa. 30 ed. São Paulo: Cultrix.2004.

NICOLA, José de. Língua, literatura e redação. 13 ed.São Paulo: Scipione, 1998.

http://www.blogcatalog.com/blogs/poemas-poetas/posts/tag/francisco+rodrigues+lobo+-+poemas/

http://www.vidaslusofonas.pt/padre_antonio_vieira.htm

www.notapositiva.com/.../barroco.htm


Autores:
Camila Osti de Moura. RA: 110335
Esmara Gonçalves dos Santos. RA: 119390.
Nalzir Jesus dos Santos. RA: 147567.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Parnasianismo

O Parnasianismo





Diferentemente do Realismo e do Naturalismo, que se voltam para o exame e para a crítica da realidade, o Parnasianismo representou na poesia um retorno ao clássico, com todos os seu ingredientes: o princípio do belo na arte, a busca do equilíbrio e da perfeição formal.

Os parnasianos acreditavam que o sentido maior da arte reside nela mesma, em sua perfeição, e não em sua relação com o mundo exterior.

Se examinarmos a história da arte e da literatura, veremos que ela se constrói em ciclos. O homem está sempre rompendo com aquilo que considera ultrapassado e propondo algo ''novo''.

O Parnasianismo no Brasil, surgido na década de 80 do século XIX, ilustra bem esse processo. Depois da revolução romântica, que impôs novos parâmetros e valores artísticos, formou-se em nosso país um grupo de poetas que desejava restaurar a poesia clássica, desprezada pelos românticos.

Esses poetas, os parnasianos, achavam que certos princípios românticos, como simplicidade da linguagem, valorização da paisagem nacional, emprego de sintaxe e vocabulário mais brasileiros, sentimentalismo, tudo isso ocultara as verdadeiras qualidades da poesia. Em seu lugar propuseram, então, uma poesia objetiva, de elevado nível vocabular, racionalista, perfeita do ponto de vista formal e voltada para temas universais.

A ''arte pela arte''

Apesar de contemporâneo do Realismo e do Naturalismo, o Parnasianismo difere profundamente de ambos. Enquanto esses dois movimentos se propunham a analisar e compreender a realidade social e humana, o Parnasianismo se distanciava da realidade e se voltava para si mesmo. Defendendo o princípio da ''arte pela arte'', os parnasianos achavam que o objetivo maior da arte não é tratar os problemas humanos e sociais, mas alcançar a ''perfeição'' em sua construção: rimas, métrica, imagens, vocabulário seleto, equilíbrio, controle das emoções, etc.

A influência clássica

A origem da palavra Parnasianismo associa-se ao Parnaso grego, segundo a lenda um monte da Fócida, na Grécia central, consagrado a Apolo e às musas. A escolha do nome já comprova o interesse dos parnasianos pela tradição clássica. Acreditavam que, apoiando-se nos modelos clássicos, estariam combatendo os exageros de emoção e fantasia do Romantismo e, ao mesmo tempo, garantindo o equilíbrio que desejavam.

Contudo, a presença de elementos clássicos na poesia parnasiana não ia além de algumas referências a personagens da mitologia e de um enorme esforço de equilíbrio formal. Pode-se afirmar que o conteúdo clássico dessa arte não passava de um verniz que a revestia artificialmente e tinha por finalidade garantir-lhe prestígio entre as camadas letradas do público consumidor brasileiro.

A Batalha do Parnaso

As idéias parnasianas já vinham sendo difundidas no Brasil desde a década de 1870. No final dessa década travou-se o jornal Diário do Rio de Janeiro uma polêmica literária que reuniu, de um lado, os adeptos do Romantismo e, de outro, os adeptos do Realismo e do Parnasianismo. O saldo da polêmica, que ficou conhecida como Batalha do Parnaso, foi a ampla divulgação das idéias do Realismo e do Parnasianismo nos meios artísticos e intelectuais do país.

A primeira publicação considerada de fato parnasiana é a obra Fanfarras (1882), de Teófilo Dias. Entretanto, caberia a Alberto de Oliveira, Raimundo Correia, Olavo Bilac, Vicente de Carvalho e Francisca Júlia o papel de implantar e solidificar o movimento entre nós, bem como definir melhor os contornos de seu projeto estético.

Característica da linguagem da poesia parnasiana

Como síntese, as principais características da linguagem da poesia parnasiana podem ser esquematizadas:
Quanto a forma:

- Busca da perfeição formal

- Vocabulário culto

- Gosto pelo soneto

- Rimas raras; chaves de ouro

- Gosto pelas descrições


Quanto ao conteúdo:

- Objetivismo

- Racionalismo, contenção das emoções

- Universalismo

- Apego à tradição clássica

- Presença da mitologia greco-latina

- Arte pela arte


Tríade Parnasiana



Olavo Bilac: o ourives da linguagem

Olavo Bilac (1865-1918) nasceu no Rio de Janeiro, estudou Medicina e Direito, mas não concluiu nenhum desses cursos. Exerceu atividades de jornalista e inspetor escolar, tendo devotado boa parte de seu trabalho e de seus escritos à educação. Foi defensor da instrução primária, da educação física e do serviço militar. Patriota, escreveu a letra do Hino à Bandeira e dedicou-se a temas de caráter histórico-nacionalista.

Sua primeira obra publicada foi Poesias (1888). Nela, o poeta já demonstrava estar plenamente identificado com as propostas do Parnasianismo, como comprova seu poema 'Profissão de fé'. Mas a concepção poética excessivamente formalista defendida por esse poema nem o próprio Bilac seguiu a risca. Vez ou outra depreende-se de seus textos certa valorização dos sentimentos que lembra o Romantismo.

Embora sua poesia nem sempre expresse uma visão profunda sobre o homem e sua condição, Bilac foi o mais jovem e o mais bem-acabado poeta parnasiano brasileiro. Seus poemas, principalmente os sonetos, apresentam uma perfeita elaboração final.


Raimundo Correia: a pesquisa da linguagem

Raimundo Correia (1860-1911), é um dos poetas que, juntamente com Olavo Bilac e Alberto de Oliveira, formam a chamada ''tríade parnasiana''. Maranhese, estudou direito em São Paulo e foi magistrado em vários Estados brasileiros.

Sua poesia, dentro do movimento parnasiano, representa um momento de descontração e de investigação. Nela se verificam pelo menos três fases:
- a fase romântica: com influências de Cassimiro de Abreu e Fagundes Varela, é representada por Primeiros Sonhos (1897);

- a fase parnasiana propriamente dita: representada pela obras Sinfonias (1883) e Versos e versões (1887), é marcada pelo pessimismo de Schopenhauer - pensador alemão que defendia a idéia de que todas as dores e males do mundo provêm a vontade de viver - e por reflexões de ordem moral e social;

- a fase pré-simbolista: nela, o pessimismo diante da condição humana busca refúgio na metafísica e na religião, enquanto a linguagem apresenta uma pesquisa em musicalidade e sinestesia.

Alberto de Oliveira

 

Alberto de Oliveira (1857-1937) foi uma espécie de líder do Parnasianismo e, ao mesmo tempo, o poeta que melhor se adequou aos princípios do movimento. Sua poesia é fria e intelectualizada, com um gosto acentuado pelo preciosismo formal e lingüístico. Defendia a arte pela arte e, em vez de se interessar pela realidade brasileira, preferia buscar inspiração nos modelos clássicos que perseguia: os poetas barrocos e árcades portugueses.

Enquanto se tratavam as lutas pela Abolição e pela República, Alberto de Oliveira afirmava: "Eu hoje dou a tudo de ombros, pouco importam, paz ou guerra e não leio jornais". Distante, então, dos problemas sociais, pôs-se a descrever vasos gregos e chineses.

Entre suas obras destacam-se Meridionais (1884) e Versos e rimas (1895).



Sabemos que o período literário Parnasianismo faz parte da Literatura Brasileira, portanto, resolvemos postar no NOSSO blog um breve paralelo com o período do Classicismo da Literatura Portuguesa por possuírem algumas características semelhantes:
Classicismo, ou Quinhentismo (século XV) é o nome dado ao período literário que surgiu na época do Renascimento (Europa séc. XV a XVI). Um período de grandes transformações culturais, políticas e econômicas. Em Portugal, o Classicismo teve como marco inicial o ano de 1527, com o retorno de Sá de Miranda da Itália, e como marco final, 1580, ano em que Portugal passou para o domínio espanhol. Sá de Miranda traz até seu país um novo ideal de poesia: a medida nova - os sonetos de versos decassílabos, já cultivados por Dante Alighieri e Petrarca na Itália.


Características do Classicismo:

Assim como no Parnasianismo, o classicismo português apresenta as seguintes características entre outras:

- Racionalismo: a razão predomina sobre o sentimento, ou seja, a expressão dos sentimentos era controlada pela razão.

- Universalismo: os assuntos pessoais ficaram de lado e as verdades universais (de preocupação universal) passaram a ser privilegiadas.

- Perfeição formal: métrica, rima, correção gramatical, tudo isso passa a ser motivo de atenção e preocupação.

- Gosto pelo soneto

- Presença da mitologia greco-latina

- Apego a tradição clássica


PRINCIPAIS AUTORES DO PERÍODO CLÁSSICO

Luis Vaz de Camões foi um dos principais autores do Classicismo

Demais autores desse período, em Portugal, são: Sá de Miranda, João de Barros, Bernardim Ribeiro, Antônio Ferreira, Diogo Bernardes, Damião de Góis, Fernão Mendes Pinto, Fernão Cardim.

Fontes: CEREJA, W.R., MAGALHÃES, T.Z. Português: Linguagens. 3. ed. ATUAL, 1999
www.micropic.com.br/noronha/liter_cr.htm
http://www.infoescola.com/literatura/classicismo

Andréia Cristina Soares - RA: 110627

Rejane Aparecida Leite - RA: 110652

domingo, 20 de setembro de 2009

Conto: A moça

A Grande São Paulo sempre foi um lugar de muitas historietas, novelas e crônicas, desde outros tempos colonizadores portugueses já viviam muitas delas entre os tupiniquins que, por sua vez, também em outras eras, viveram as suas, sendo que, a maior delas é a própria presença deste povo estrangeiro, de mau cheiro, de corpos vestidos, usando bigodes e barbas, portando nos lombos brancos armas de fogo e espadas, conspirando, invadindo, tomando a sua terra, mas isso é outra história.

Quem, neste imenso chão paulista, não viveu uma historieta significante em uma das múltiplas linhas do metrô ou trem? Ou em um dos milhares de coletivos que transitam pela “megatrópole”? E ainda, o que dizer então das inúmeras ruas, praças, igrejas, bosques, becos, vilas e bairros? Parecem eles não terem fim, tanto as historietas como a grande cidade.

Nesta “cidade-mundo” há milhões de personagens, seria impossível a qualquer contador de histórias, escritor, poeta, ou qualquer outro contar as bilhões de historietas que acontecem na Grande São Paulo, entretanto há pessoas que não deixariam de ler ou de escrever algumas delas. Algumas pessoas, por obrigação talvez, como os jornalistas que as escrevem todos os dias e há outras quem as fazem por encanto, como os poetas e ainda há outras pessoas que as contam ao chegarem em suas casas.

Era isso que Tristão fazia ao chegar cansado do trabalho em sua casa. Ele abria o velho portão enferrujado e enguiçado, o que anunciava sua chegada à esposa e aos cachorros que imediatamente vinham ladrando e abanando o rabo, olhava meio desconfiado a caixa de correspondência e de lá tirava um punhado de anúncios de supermercados, algumas cartas e um amontoado de minúsculas folhas do antigo carvalho que abrigava o casarão da família Bento Souza. Entrava quintal adentro e na porta limpava cuidadosamente as solas dos sapatos no capacho centenário, depois conversava com o cachorro, puxava uma cadeira e sentava na varanda por alguns instantes.

Logo a esposa vinha cumprimentá-lo, beijava-o com o beijo costumeiro e frio, depois entrava e o chamava para o jantar. A comida era freqüentemente a mesma todos os dias, a não ser na sexta, pois ele fazia questão de comprar algo diferente na casa do norte de Norberto, uma deliciosa costela assada era seu prato preferido, porém naquela terça fria e melancólica era arroz, feijão, batatinha, salada e um bife sola de sapato esturricado.

No banheiro, Tristão lavava suas mãos e num rápido movimento levantava a cabeça para dar uma espiada pela janela, estava sempre vigiando se a moça vizinha, beldade de mulher, estava no banho para espiá-la. As janelas dos banheiros davam de encontro no corredor, ficavam de frente uma para outra, mas a de Tristão era um pouco mais alta. O safado botava a cabeça, olhava para baixo e se retirava rapidamente para não ser pego. Era uma possessão, um desejo ambicioso, pernicioso, até mesmo ilícito que o fazia espiar. Não era voyeur, mas estava com um desejo imponderável de altíssimas proporções pela moça, era uma praga e ao mesmo tempo um deleite concupiscente.

Feito o pretexto de lavar as mãos, pois sempre inventava uma desculpa para ir ao banheiro espiar, voltou à cozinha, a moça não estava e por isso voltou logo. Sua mulher, que pra ele mais parecia uma empregada, servia o jantar. Comeu distraidamente sem interesse algum pelo alimento, pois estava concentrado em vigiar, a qualquer momento a moça poderia entrar, assim não desviou o olhar do banheiro, estava com a audição aguçada a qualquer pingo d’água e a sua mente sempre repleta de pensamentos pecaminosos. Sua mulher não desconfiava de nada, comia com prazer a comida que fizera, mas para Tristão o jantar lhe desceu como uma coisa sem valor e nem vira bem o que comera por causa da perturbação e a vigia.

Ainda à mesa, começou a contar o dia-a-dia como já era costume, pois era assim que a mulher gostava, ele já tinha entendido isso, então passou a fazer-lhe gosto, se bem que ele também gostava. Sempre com um pretexto perguntava a sua mulher sobre o cotidiano, em seguida perguntava do cunhado e depois da vizinha que era amiga de Ana sua mulher. As informações eram fatigantes e vagas, mas o que vinha a respeito da moça era sempre delicioso e novo.

A mulher se levantou abriu a geladeira e tirou uma travessa, ele ameaçou se levantar para ir espiar, mas logo a mulher serviu gelatina de morango que era a sua preferida. Ela fazia uma espécie de suflê, dissolvia a gelatina em creme de leite quente depois batia, aquilo ficava uma delícia segundo sua opinião. Repetia sempre três vezes... Depois, saciado, arrastava-se até o sofá e imediatamente cochilava.

Enquanto dormia, Ana entre o som de roncos absurdos, arrumava a cozinha e depois tomava um longo banho relaxante, passava óleo pelo corpo e às vezes cantarolava bem baixinho no banheiro, pois tinha vergonha da voz de taquara rachada, nem sempre lavava os seus longos cabelos, mas quando o fazia a demora aumentava quase em uma hora. E era o dia. Arrumava o xampu, o creme e sua touca enquanto o vapor inundava o banheiro, depois passava o creme de ponta a ponta, cheiroso, gostoso, bem lentamente, acariciando os belos cabelos e de tal modo que o perfume se exalava por todo ambiente do casarão dos Bento Souza.

Enquanto Ana banhava-se, um barulho muito curioso no corredor, do lado de fora da casa, parecia vir do banheiro do vizinho, Ana sem conter-se de curiosidade deu uma olhadela pela janela. Era o vizinho e sua empregada nus em pêlo! Pareciam banhar-se felizes entre beijos e carícias. Os vizinhos sempre deixavam as janelas entreabertas, assim Ana assistiu tudo pela fresta na sua janela, pois sempre as fechava e muitas vezes colocava uma toalha para evitar de ser vista. Ana chocou-se com àquela visão, apesar disso logo, e de súbito, lhe subiu um calor sexual como nunca antes pelo marido, tanto foi que se excitou muitíssimo.

O vizinho irmão da moça, mulherengo, havia tempo que estava de olho nas pernas da empregada e naquele dia aproveitou a oportunidade, pois sua irmã havia saído, então se engancharam no banheiro. Ana nunca pensou em trair o marido e logo sentiu uma culpa pesada e deixou de olhar, desligou o chuveiro, se enrolou na toalha, contudo antes de sair titubeou um pouco, voltou a olhar e em seguida saiu correndo.

Ana passa pela sala toda agitada e bate com um soco sêco na pança do marido:

- Acorda seu morto! Você precisa ter mais energia! (Pensava Ana, energia como o vizinho.)

Ana puxa sua toalha fica nua no meio da sala e o calor volta acendê-la, pois lhe vem a lembrança o fato erótico, mas Tristão assustado com a atitude de Ana e com sono não se anima. Então, em ato de desespero, Ana agarra-o, beija-o com ímpeto. Ele se levanta agarra-a também, beija-a com robustez e passam juntos uma noite de amores como nunca antes. Ele só pensando na moça e ela no episódio erótico que acabara de assistir. Foi uma noite quente de desejos cúpidos e concupiscentes de alto ardor, mas de infinito encanto para os dois.

No dia seguinte... Tristão se espreguiça na beira da cama:

- Ahh! Que boa noite de sono!

- Que pena que não é assim todo o dia, não é querido?

Que encanto! Que pegada!

- É verdade, faz tempo que nós não temos uma noite assim.

Relembrando a noite os dois são tomados de novo de um súbito ardor sexual e recomeçam aquelas atividades noturnas de casais apaixonados, quase sempre noturnas, pois os jovens de hoje, claro, desprezam totalmente este protocolo. Na empolgação Tristão perde a hora e, além disso, se esquece: É dia de uma reunião importante com o chefe. Fica estapefado e sai feito doido pela casa. Enrosca-se nas cadeiras, derrama o leite, pisa o rabo do cachorro, se enrola todo e, depois de tudo, perde o ônibus da firma...

Duas horas depois.

Chegando na firma é avisado a comparecer na administração. Na sala a secretária como se fosse um robô orienta-o:

- Sr. Tristão é lamentável que tenha chegado atrasado e não tenha participado da reunião com o chefe do seu setor. O senhor entende que sem uma justificativa pelo contrato isso é imperdoável e por essa razão o chefe poderá te demitir. Então não lhe resta mais nada a não ser trabalhar o restante do dia e depois esperar para assinar sua demissão. Sinto muito!

Foi dito e feito. Ao entrar na sessão o chefe o chamou a parte. Estava com uma cópia do contrato na mão e o avisou que seria demitido caso não tivesse uma justificativa. Aponta com o dedo para o contrato. Era uma empresa que levava à risca a disciplina. O chefe com raiva aparente bradou:

- Ô rapaz, porque você não apareceu? Tristão fica calado.

Você sabe o que está no contrato... e ainda com esta crise na empresa! O que você está querendo? Não dá pra mexer pauzinhos desta vez. (Fala debochando.)

Vou ter que demiti-lo.

- Mas Mene passo no médico e peço o dia. Além disso, já aconteceu isto outras vezes e você liberou.

O chefe muda o tom e um pouco mais brando diz:

- Sinto muito companheiro, os caras estão me apertando e essa de médico tá manjado. Sabe a pauta da reunião?

- Mmm...

- Era sobre a crise, vamos ter de cortar horas e remanejar tudo, (Volta o tom imperativo de “chefe onça”) ai você me dá uma bola fora dessas. Pô cara! Vou ter de demiti-lo! Sinto muito! Além do mais já havíamos discutido uma lista de cortes na empresa e você já estava nela, portanto rua.

Tristão não teve fala. Saiu mudo.

Assinado os papéis Tristão sai inconsolado. Anda sem rumo, perambulando pela rua, horas depois entra no shopping, dá umas voltas e quem encontra? Ela. A moça. Na hora que a vê até esquece de tudo. Empolgado chega até ela, seu coração pulsa alentado e até parece que ela sabe que ele fica cobiçando a sua nudez na janela do banheiro e veio tirar satisfações, tal é o pulsar do seu desejo.Cumprimenta e a beija. Arfante e até gago diz:

- Oi mo...ça... bo..ni...ta, que... faz por a...qui?

- Oi Tristão, como vai! Que surpresa você aqui. Está de folga hoje?

Ele lembra e se entristece.

- Folga qui nada, acabei de ser despedido.

- Sinto muito amigo, mas esquenta não, logo você arruma outro emprego e depois você ainda tá novo.

Moça fala assim para animar o pobre. Ele se assanha e cresce-lhe os olhos e cobiça-lhe os peitões. Só mesmo esta moça pra fazê-lo esquecer tão duro golpe.

- E você como sempre está exuberante! Formosa!

Gostosa, pensa Tristão.

- É meu filho tenho que estar arrasando quando venho aqui no shopping. É a lei do shops.

- Puxa que legal encontrar você. Que tal almoçarmos juntos hoje? Topa?

- Demorô!

Tristão entrou num clima de devaneios, passou a tarde inteira no shopping bajulando aquela beldade morena jambo de pele macia sem nenhum defeito, pernas bem torneadas como uma fina madeira de canela , corpo escultural, uma Vênus de Milus, seios redondos e empinados totalmente gêmeos apertados num lingerie tão gostoso quanto os próprios seios, lábios carnudos suculentos como uma fita vermelha de seda que faziam palpitar o coração do pobre Tristão, os cabelos pretíssimos da cor do ébano e ônix, encaracolados, cheirosos e brilhantes pareciam a teia de uma viúva negra donde jamais sairia Tristão. Sua nuca era a parte que mais desnorteava Tristão, era inexplicável o poder que os cabelos finos do pescoço tinham, lhe provocavam um tremor desde a base da virilidade, até a ponta da machidão, ainda lhe subia pelo corpo uma espécie de medo e uma frialdade na barriga. Aproveitou imensamente aqueles momentos de fantasia.

Chegada à noitinha daquele dia depois de tudo, Tristão entrou em casa como se nada houvesse mudado, abriu o portão enferrujado que mais uma vez rangeu, os cachorros fizeram seus ladridos, olhou o correio, tirou os anúncios de supermercado e limpou as folhinhas de carvalho. Sentou tranqüilamente na varanda, Ana o beijou, mas desta vez com um beijo longo e quente, tirou seus os sapatos e ele espreguiçou-se. Não quis jantar, pois ficara comendo besteiras com a moça no shopping, a mulher não zangou, mas ficou preocupada. Ele, mesmo assim, sentou-se à mesa, mas na hora de falar do dia-a-dia pensou: o que dizer? Titubeou um pouco, mas acabou falando tudo sem poupar palavras. Ana chocou-se imensamente e triste retirou-se para o quarto. Ele nem deu importância, tratou logo de ir tomar um banho e para sua alegria a moça se banhava também, seu coração saltou e a sensação de poder o assaltou. Trepou na pia para se acomodar melhor e por uma fresta espiava com desejo ambicioso a nudez da moça. Mal podia se excitar, pois estava apreensivo para que ela não o visse. Tratou de acalmar-se, não podia desperdiçar aquela oportunidade, olhou para sua própria sombra na parede e ela parecia delirar de paixão. Estava louco, não, eram os devaneios que lhe dominavam, as visões que o desnorteavam. Pobre Tristão.

A moça distraída se lavava com calma, fazendo movimentos delicados, ora nos seios, ora na face. Prendeu os cabelos encaracolados e sua nua nuca se salientava para o desatino de Tristão que incontido solta uns gemidos. A moça reagindo ao som estranho olha para a janela, de um lado a outro procura o som, nada vê. Tristão se recompõem rapidamente e se oculta atrás da toalha na janela, observa a curiosidade da moça por uma brecha, ao fazer isso nota seus lábios lindos e molhados. Tristão agora é um escravo deste amor indistinguível, nasceu sem razão, é atraído feito um imã, tem consciência de que a moça é um amor impossível e até mesmo que uma relação sexual é difícil, mas é um escravo, está ligado a moça por uma sensibilidade pueril e inocente que o leva amá-la.

Moça empenha-se em lavar seus belíssimos cabelos, faz todo um ritual, enquanto Tristão enlouquecido começa agora a sentir um calor violento que lhe desce o peito. Moça vira de costas revelando toda sua sensualidade e escultura de corpo, seus glúteos perfeitos adornados por uma leve e meiga marca de sol desenham um triângulo dourado na pele morena cobiçada e os lombos, exatas torres banhadas pelo crepúsculo amarronzado de brilho ofuscado é a visão mais delirante, mais bela que um homem desejoso tem. A tara, a fascinação, o desvairo de Tristão chega ao clímax, o peito a estourar, o fogo a descer pelas veias do braço, a virilidade extrema, o coração a pulsar vertinosamente, vertigem, o sangue ferve-lhe e sente um forte golpear no coração um afrouxamento nas pernas.

Uma agonia! Uma última olhada. O desejo derradeiro.

Moça, longe, nem imagina que no altar da safadeza há um sacrifício ofertado à ela. Moça é a deidade idolatrada e louvada. Seu adorador dá umas últimas roncadas, louvor à deusa do cúpido desejo, ouve de si mesmo um último suspiro. Ana, no quarto surdo, ingenuamente chora seu verdugo, um pérfido que estertora e morre em sua última tarada gozada.

©Wagner Ortiz



quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Piada para Linguísta Bebum



A ESTRANHA BELEZA DA LÍNGUA PORTUGUESA


Este texto é dos melhores registros de língua portuguesa que eu tenho lido
sobre a nossa digníssima 'língua de Camões', a tal que tem fama de ser pérfida, infiel ou traiçoeira.

Um político que estava em plena campanha chegou a uma pequena cidade, subiu
para o palanque e começou o discurso:


- Compatriotas, companheiros, amigos!

Encontramo-nos aqui, convocados, reunidos ou juntos para debater, tratar ou discutir
um tópico, tema ou assunto, o qual me parece transcendente, importante ou de vida ou morte.
O tópico, tema ou assunto que hoje nos convoca, reúne ou junta
é a minha postulação, aspiração ou candidatura a Presidente da Câmara deste Município.

De repente, uma pessoa do público pergunta:

- Ouça lá, porque é que o senhor utiliza sempre três palavras, para dizer a
mesma coisa? O candidato respondeu:

- Pois veja, meu senhor: a primeira palavra é para pessoas com nível cultural muito alto,

como intelectuais em geral;
a segunda é para pessoas com um nível cultural médio, como o senhor e a maioria dos que estão aqui;
A terceira palavra é para pessoas que têm um nível cultural muito baixo, pelo chão, digamos,

como aquele bebado, ali deitado na esquina.

De imediato, o bebum levanta-se a cambalear e 'atira':

- Senhor postulante, aspirante ou candidato: (hic) o facto, circunstância ou
razão pela qual me encontro num estado etílico, alcoolizado ou mamado (hic)
não implica, significa, ou quer dizer que o meu nível (hic) cultural seja ínfimo,

baixo ou mesmo tosco (hic).
E com todo a reverência, estima ou respeito que o senhor me merece (hic)
pode ir agrupando, reunindo ou juntando (hic) os seus haveres, coisas ou bagulhos (hic) e encaminhar-se,
dirigir-se ou ir direitinho (hic)

à leviana da sua progenitora, à mundana da sua mãe biológica ou à puta que o pariu!
Fonte
http://www.cruiser.com.br/giria/

sábado, 12 de setembro de 2009

Humanismo



Humanismo é o nome que se dá à produção escrita histórica literária do final da Idade Média e início da Moderna, ou seja, parte do século XV e início do XVI, mais precisamente, de 1434 a 1527. Três atividades mais destacadas fizeram parte desse período: a produção historiográfica de Fernão Lopes, a produção poética dos nobres, por isso dita Poesia Palaciana, e a atividade teatral de Gil Vicente.








Humanismo foi o movimento intelectual que germinou durante o século XIV, no final da Idade Média, e alcançou plena maturidade no Renascimento, orientado no sentido de reviver os modelos artísticos da antiguidade clássica, tidos como exemplos de afirmação da independência do espírito humano. Nos últimos séculos da Idade Média, sobretudo nas cidades da Itália, ocorrera um notável crescimento da burguesia urbana. Os nobres e burgueses enriquecidos adquiriram condições de dar à cultura um apoio antes exclusivo da igreja e dos grandes soberanos.
No Renascimento, o humanismo representou também uma ideologia que, sem deixar de aceitar a existência de Deus, partilhava muitas das atitudes intelectuais e existenciais do mundo antigo, integradas com as contínuas descobertas sobre a natureza e as novas condições de vida geradas pelo auge do comércio e da burguesia mercantil. Os mestres deram as costas à idealização medieval da pobreza, do celibato e da solidão, e em seu lugar destacaram a vida familiar e o uso judicioso da riqueza.



Contexto histórico e social

Os últimos séculos medievais foram marcados por crises em todos os aspectos da vida social. Forma-se uma nova concepção de mundo, um novo sentimento de ser humano. O Feudalismo entra em decadência, esgotado por guerras constantes que, aliadas às epidemias, fazem escassear a mão-de-obra rural e a produção agrícola. O poder político se concentra mais nas mãos dos reis, cuja autoridade, até então, se restringia aos limites dos feudos reais. Fortalecidas, as monarquias afirmavam sua independência em relação à Igreja e já não aceitavam tanto sua intromissão nos assuntos de Estado. Por outro lado, já desde o século XI a atividade mercantil se reativara e, em torno dela, a cidade, a vida urbana e um novo grupo social: artesãos e burgueses se ocupavam mais com os lucros da vida terrena do que com a recompensa da vida eterna. Nesta nova classe intermediária haviam setores hierarquizados: o patrão e o obreiro, os mestres e os aprendizes. Os mais ricos almejam o prestígio da nobreza, os mais pobres lutam por seus salários. Emerge como novo indicativo de riqueza e poder, ao lado da terra, o dinheiro.
O conhecimento circulava mais agilmente pela cidade; a invenção da Imprensa (Gutenberg - 1450), vem dinamizar definitivamente este processo, tirando da Igreja a posse do acervo cultural: as obras podiam ser reproduzidas em menor tempo e maior quantidade, propiciando a formação de bibliotecas fora dos mosteiros. Embora o padrão cultural e intelectual ainda fosse aquele sinalizado pela nobreza e pelos setores eclesiásticos, é a classe média quem financia a cultura e a vida urbana que fornece seus temas. Assim, a conformação psicológica do burguês, mais centrada na observação e no raciocínio, assume um papel importante na produção cultural. O "conhecer pela observação" substitui gradativamente o "conhecer pela fé". Deus lentamente desloca-se do centro da atenção do homem, que começa a prestar atenção em si mesmo. É o movimento humanista que prepara uma definitiva transformação na concepção do mundo: o antropocentrismo que se concretizará nos séculos seguintes.
Esses novos valores, assumidos pelo homem a partir do século XIV, deixarão sua marca na produção artística: na pintura, a figura humana ganha forma, expressão e proporção; a música torna-se polifônica, a arquitetura gótica agoniza.



Para se entender a respeito dessas mudanças, segue um vídeo extraído do musical "Notre Dame de Paris" baseado no livro homônimo de Victor Hugo, no qual há uma reflexão sobre as mudanças que ocorreram durante esse período:



Tradução da música:


Florença

Fale-me de Florença
E da Renascença
Fale-me de Bramante
E do Inferno de Dante
De Florença contam
Que a Terra é redonda
E que haveria outro
Continente neste mundo
Os barcos já partiram sobre o oceano
Em busca da rota das Índias
Lutero vai reescrever o Novo Testamento
E nós estamos à aurora de um mundo que se divide
Um certo Gutenberg
Mudou a face do mundo
Com as prensas de Nuremberg
Que imprimem a cada segundo

Poemas em papel
E discursos em panfletos
Novas idéias
Que vão varrer tudo
As pequenas coisas superam as grandes
E a literatura substituirá a arquitetura
Os livros das escolas dissiparão as catedrais
A bíblia acabará com a igreja e o homem matará Deus
Isso acabará com aquilo
Os barcos já partiram sobre o oceano
Em busca da rota das Índias
Lutero vai reescrever o Novo Testamento
E nós estamos à aurora de um mundo que se divide
Isso acabará com aquilo
Isso acabará com aquilo




Literatura



A Literatura oscila entre a preservação de antigos valores e a preparação de um novo homem. Na Literatura Portuguesa o início desse período é marcado pela nomeação de Fernão Lopes como cronista da corte portuguesa e o final com a obra teatral de Gil Vicente. Nestes dois autores percebe-se uma concepção cristã da vida: o primeiro tentando dirigir espiritualmente a aristocracia, o segundo, se apoiando em valores cristãos e medievais. Mas a obra de ambos é mais ampla do que isto.
De uma postura religiosa e mística, o homem passa gradativamente a uma posição racionalista.
O Humanismo funcionará como um período de transição entre duas posturas. Por isso, a arte da época é marcada pela convivência de elementos espiritualistas (teocêntricos) e terrenos (antropocêntricos).

A literatura desse período divide-se em: historiografia, poesia, prosa doutrinária e teatro.
  • Historiografia
    Registro escrito da história. Durante o Renascimento, o Humanismo trouxe um gosto renovado pelo estudo dos textos antigos, gregos ou latinos, mas também pelo estudo de novos suportes: as inscrições (epigrafia); as moedas (numismática) ou as cartas, diplomas e outros documentos (diplomática).
  • Prosa doutrinária
    As crônicas históricas passam a ser escritas pelos próprios reis, especialmente da dinastia de Avis, com os exemplos de D. João I, D.Duarte e D. Pedro. Essa produção recebeu o nome de doutrinária, porque incluíam a atitude de transmitir ensinamentos sobre certas prática diárias, e sobre a vida. Alguns exemplos: Ensinança de bem cavalgar toda sela, em que se faz o elogio do esporte e da disciplina moral, e Leal Conselheiro, em que se estabelecem princípios de conduta moral para a nobreza m ambos de D. Duarte; livro de Montaria (D.João I) sobre a caça; e outros.
  • Poesia palaciana
    Produção lírica produzida na corte lusitana. Essa produção poética tem uma certa limitação quanto aos conteúdos, temas e visão de mundo, porque seus autores, nobres e fidalgos, abordavam apenas realidades palacianas, como assuntos de montaria, festas, comportamentos em palácios, modas, trajes e outras banalidades sem implicação histórica abrangente. O amor era tratado de forma mais sensual do que no Trovadorismo, sendo menos intensa a idealização da mulher. Também, neste gênero poético , ocorre a sátira. Formalmente são superiores à poesia trovadoresca, seja pela extensão dos poemas graças à cultura dos autores, seja pelo grau de inspiração, seja pela musicalidade ou mesmo pela variedade do metro estes dois últimos recursos conferiam a cada poema a chance de possuírem ritmo próprio. Os versos continuavam a ser as redondilhas e era normal o uso do mote. A diferença mais significativa em relação às cantigas do Trovadorismo é que as poesias palacianas foram desligadas da música, ou seja, o texto poético passou a ser feito para a leitura e declamação, não mais para o canto.
  • Teatro
    Durante a época medieval, o teatro era essencialmente religioso, limitando-se a representações litúrgicas do Natal e da Páscoa. No Humanismo, o teatro segue um novo rumo, com as peças de Gil Vicente, que se utiliza do alegórico-religioso para construir caricaturas profanas. Por meio de seus autos* critica as várias camadas da sociedade: povo, nobreza e principalmente o clero, condenando a luxúria e os abusos dos padres. Gil Vicente acredita que a verdadeira salvação do homem encontra-se na pureza do espírito.

    *Auto: É um sub-gênero da literatura dramática. Tem sua origem na Idade Média, na Espanha, por volta do século XII. Em Portugal, no século XVI, Gil Vicente é a grande expressão deste gênero dramático. Camões e Dom Francisco Manuel de Melo também adotaram esta forma.O auto era escrito em redondilhos e visava satirizar pessoas. Como os autos de Gil Vicente deixam perceber claramente a moral é um elemento decisivo nesse sub-gênero.

Gil Vicente (1465 - 1536)



Gil Vicente é geralmente considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome. Ele critica, em sua obra, de forma impiedosa, toda a sociedade de seu tempo, desde o papa, o rei o alto clero, até a mais baixa classe social: os feiticeiros, as alcoviteiras e os agiotas.
Acreditando na função moralizadora do teatro, colocou em cena fatos e situações que revelavam a degradação dos costumes, a imoralidade dos frades, a corrupção no seio da família, a imperícia dos médicos, as práticas de feitiçaria, o abandono do campo para se entregar às aventuras do mar.
Sua crítica tem um objetivo: reaproximar o homem de Deus. Nesse sentido, Gil Vicente se revela um homem de espírito e formação medieval, expressando uma concepção teocêntrica, numa época de profundas transformações sociais e culturais.
Gil Vicente escreveu mais de quarenta peças. Dentre elas, destacam-se:

Conclusão

O Humanismo foi um período fortemente marcado pelas mudanças sociais e da ciência, bem como da relação entre ser humano – igreja / ser humano – Deus, valorizando a razão e o antropocentrismo em vez da emoção e do teocentrismo. Pela primeira vez a literatura tornou-se acessível aos nobres e burgueses deixando de ser de domínio exclusivo do clero e isso junto com a invenção de Gutenberg , que contribuiu para a tecnologia da impressão e tipografia, possibilitou a publicação de obras em número jamais visto. Todas as artes durante esse período sofreram grandes alterações, na pintura os gênios renascentistas passaram a estudar a anatomia para poder representar de forma exata o corpo humano – músculos, veias, ossos etc., na música a transformação foi estrutural e ela passou a ser polifônica, na arquitetura a era das enormes catedrais góticas entra em declínio e posteriormente dá lugar ao estilo renascentista com inspiração greco-romano e na literatura muda-se o foco de atenção da escrita, antes dedicado exclusivamente aos temas religiosos, para, a partir de então, dar lugar aos temas ligados ao homem e a sua vida. Em Portugal o maior destaque desse período foi Gil Vicente justamente por sua obra ter um caráter universal e atemporal, ou seja, se se ler qualquer um de seus atos, seguramente essas histórias conseguirão ter ligação com livros, filmes, músicas e peças contemporâneas.


Fontes:
http://www.nomismatike.hpg.ig.com.br/
http://www.spiner.com.br/
http://www.profabeatriz.hpg.ig.com.br/
http://www.estudiologia.hpg.ig.com.br/
http://www.brasilescola.com/
http://www.pt.wikipedia.org/
http://www.educacao.uol.com.br/


Claudete 119247
Edite 110620
Érika 133847
Evelise 118672
Patrícia 110394