Boa noite queridos amigos!
Hoje tenho o prazer de apresentar um dos melhores tesouros que achei na internet. Trata-se de textos incríveis, que me inspiram muito, do poeta Antonio Miranda. Entre os belíssimos textos está uma obra fantástica, uma epopeia que conta a história política do Brasil. A epopeia é institulada TERRA BRASILIS, tem 86 cantos e está dividida em:
APRESENTAÇÃO
EXÓRDIO
Parte I - DE ORNATU MUNDI
Parte II - DE REVOLUTIONI MUNDI
Parte III - DE ANIMA MUNDI
EPÍLOGO
Eis um pequeno trecho da obra:
EXÓRDIO
Parte I - DE ORNATU MUNDI
Parte II - DE REVOLUTIONI MUNDI
Parte III - DE ANIMA MUNDI
EPÍLOGO
Eis um pequeno trecho da obra:
Parte I - DE ORNATU MUNDI - Canto 22
NUDEZ E CATEQUESE
“tomam tantas mulheres quantas querem”
AMÉRICO VESPUCIO
I
As matas eram nuas
e nuas as praias e as serras.
Puras, limpas, inocentes.
Nuas as índias e suas crias.
Não havia pecado
nem vergonhas
e maldades
no despir
e exibir corpos
e intimidades.
II
Ímpias, impuras, indecentes!!
O pecado aportou
com os religiosos
e seus preceitos morbosos
gerando preconceitos.
Homens vestidos, armados,
suados, fedidos,
considerando lúbricos
aqueles corpos limpos,
lavados
e dourados
pela liberdade.
Logo ultrajados, possuídos
e escravizados
enquanto se discutia a tese
- res-nullis: uma coisa
e não uma pessoa -
de serem ou não humanos,
se se podia
humanizá-los pela catequese.
Parte III - DE ANIMA MUNDI - Canto 78
TUPY OR NOT TUPY
“não consentindo por modo algum (...)
Usem a Língua própria das suas Nações,
Outra chamada Geral; mas unicamente a Portuguesa”
(...) “para desterrar dos Povos rústicos
a barbaridade dos seus antigos costumes”.
(DIRETÓRIO DOS ÍNDIOS, instrução pombalina, séc. 17)
I
Haveremos de (voltar a) ser poliglotas
para nossa inserção no mundo
— a nossa definitiva mundialização.
Éramos multilingües no Grão-Pará e Maranhão
e por todos os brasis
na relação entre língua e fé
ou religião
— entre conhecimento e catequese
na tese da doutrinação.
II
A nossa Língua Geral
nos primórdios da colonização:
uma gramatização do tupi
na conversão do gentio
até que aprendessem o portuguez
e sua súdita condição.
Todas as línguas havia pelo sertão
a conquistar
com a confissão cristã
numa linguagem de conversão.
Há(via) as línguas subterrâneas
de judeus e de árabes
e de comerciantes clandestinos
e os dialetos africanos
de senzalas e quilombos.
III
Línguas de relação
e até mesmo de Inquisição
(do latim da liturgia
e do francês do Iluminismo)
e cativeiro e redução jesuítica
da evangelização.
Mas no Maranhão
línguas havia de remissão
nativas ou de dominação:
o francês, o holandês e o português
entre os tupinambás.
Em que língua parlamentavam
Charles de Vaux e o cacique Pira-jivá
Na França Equatorial?
IV
(O Marquês de Pombal acabou
com a Língua Geral
ao expulsar os jesuítas do Brasil
e de Portugal.
Ao persistir a homogeneização
de uma língua tal – ele temia? –
a independência da colônia
viria de forma natural..
Exercício especulativo banal!
A História não é território de lógica
e de hipóteses pretéritas... Mas vá lá:
a unidade lingüística portuguesa
preservou a unidade nacional?!)
V
Havemos de ser poliglotas
— depois de dominarmos a língua nacional —
prá cultivar todas as línguas
de nosso multirracial povoamento
e imigração, de todos os quadrantes
e para nossa efetiva globalização.
Haveremos de valorizar
as tantas línguas indígenas
e as várias falas regionais
de nossas identidades
numa aldeia global.
E que a nossa miscigenação
definitiva seja lingüística e cultural
— por que não?! —
e não apenas racial.
Haveremos de ser poliglotas e multilíngües
mesmo conservando a nossa língua oficial.
Acesse o texto completo em: http://www.antoniomiranda.com.br/terra_brasilis
Fotos: http://www.espiritoindio.com.br
http://tharsispedreira.zip.net/images/indio1.jpg
“tomam tantas mulheres quantas querem”
AMÉRICO VESPUCIO
I
As matas eram nuas
e nuas as praias e as serras.
Puras, limpas, inocentes.
Nuas as índias e suas crias.
Não havia pecado
nem vergonhas
e maldades
no despir
e exibir corpos
e intimidades.
II
Ímpias, impuras, indecentes!!
O pecado aportou
com os religiosos
e seus preceitos morbosos
gerando preconceitos.
Homens vestidos, armados,
suados, fedidos,
considerando lúbricos
aqueles corpos limpos,
lavados
e dourados
pela liberdade.
Logo ultrajados, possuídos
e escravizados
enquanto se discutia a tese
- res-nullis: uma coisa
e não uma pessoa -
de serem ou não humanos,
se se podia
humanizá-los pela catequese.
Parte III - DE ANIMA MUNDI - Canto 78
TUPY OR NOT TUPY
“não consentindo por modo algum (...)
Usem a Língua própria das suas Nações,
Outra chamada Geral; mas unicamente a Portuguesa”
(...) “para desterrar dos Povos rústicos
a barbaridade dos seus antigos costumes”.
(DIRETÓRIO DOS ÍNDIOS, instrução pombalina, séc. 17)
I
Haveremos de (voltar a) ser poliglotas
para nossa inserção no mundo
— a nossa definitiva mundialização.
Éramos multilingües no Grão-Pará e Maranhão
e por todos os brasis
na relação entre língua e fé
ou religião
— entre conhecimento e catequese
na tese da doutrinação.
II
A nossa Língua Geral
nos primórdios da colonização:
uma gramatização do tupi
na conversão do gentio
até que aprendessem o portuguez
e sua súdita condição.
Todas as línguas havia pelo sertão
a conquistar
com a confissão cristã
numa linguagem de conversão.
Há(via) as línguas subterrâneas
de judeus e de árabes
e de comerciantes clandestinos
e os dialetos africanos
de senzalas e quilombos.
III
Línguas de relação
e até mesmo de Inquisição
(do latim da liturgia
e do francês do Iluminismo)
e cativeiro e redução jesuítica
da evangelização.
Mas no Maranhão
línguas havia de remissão
nativas ou de dominação:
o francês, o holandês e o português
entre os tupinambás.
Em que língua parlamentavam
Charles de Vaux e o cacique Pira-jivá
Na França Equatorial?
IV
(O Marquês de Pombal acabou
com a Língua Geral
ao expulsar os jesuítas do Brasil
e de Portugal.
Ao persistir a homogeneização
de uma língua tal – ele temia? –
a independência da colônia
viria de forma natural..
Exercício especulativo banal!
A História não é território de lógica
e de hipóteses pretéritas... Mas vá lá:
a unidade lingüística portuguesa
preservou a unidade nacional?!)
V
Havemos de ser poliglotas
— depois de dominarmos a língua nacional —
prá cultivar todas as línguas
de nosso multirracial povoamento
e imigração, de todos os quadrantes
e para nossa efetiva globalização.
Haveremos de valorizar
as tantas línguas indígenas
e as várias falas regionais
de nossas identidades
numa aldeia global.
E que a nossa miscigenação
definitiva seja lingüística e cultural
— por que não?! —
e não apenas racial.
Haveremos de ser poliglotas e multilíngües
mesmo conservando a nossa língua oficial.
Acesse o texto completo em: http://www.antoniomiranda.com.br/terra_brasilis
Fotos: http://www.espiritoindio.com.br
http://tharsispedreira.zip.net/images/indio1.jpg
Um abraço!
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