segunda-feira, 22 de junho de 2009

TERRA BRASILIS - ANTONIO MIRANDA



















































Boa noite queridos amigos!
Hoje tenho o prazer de apresentar um dos melhores tesouros que achei na internet. Trata-se de textos incríveis, que me inspiram muito, do poeta Antonio Miranda. Entre os belíssimos textos está uma obra fantástica, uma epopeia que conta a história política do Brasil. A epopeia é institulada TERRA BRASILIS, tem 86 cantos e está dividida em:


APRESENTAÇÃO

EXÓRDIO

Parte I - DE ORNATU MUNDI

Parte II - DE REVOLUTIONI MUNDI

Parte III - DE ANIMA MUNDI

EPÍLOGO

Eis um pequeno trecho da obra:

Parte I - DE ORNATU MUNDI - Canto 22

NUDEZ E CATEQUESE

“tomam tantas mulheres quantas querem”
AMÉRICO VESPUCIO

I
As matas eram nuas
e nuas as praias e as serras.

Puras, limpas, inocentes.

Nuas as índias e suas crias.

Não havia pecado
nem vergonhas
e maldades
no despir
e exibir corpos
e intimidades.


II
Ímpias, impuras, indecentes!!

O pecado aportou
com os religiosos
e seus preceitos morbosos
gerando preconceitos.

Homens vestidos, armados,
suados, fedidos,
considerando lúbricos
aqueles corpos limpos,
lavados
e dourados
pela liberdade.

Logo ultrajados, possuídos
e escravizados
enquanto se discutia a tese
- res-nullis: uma coisa
e não uma pessoa -

de serem ou não humanos,
se se podia
humanizá-los pela catequese.

Parte III - DE ANIMA MUNDI - Canto 78

TUPY OR NOT TUPY


“não consentindo por modo algum (...)
Usem a Língua própria das suas Nações,
Outra chamada Geral; mas unicamente a Portuguesa”
(...) “para desterrar dos Povos rústicos
a barbaridade dos seus antigos costumes”.
(DIRETÓRIO DOS ÍNDIOS, instrução pombalina, séc. 17)

I

Haveremos de (voltar a) ser poliglotas
para nossa inserção no mundo
— a nossa definitiva mundialização.

Éramos multilingües no Grão-Pará e Maranhão
e por todos os brasis
na relação entre língua e fé
ou religião
— entre conhecimento e catequese
na tese da doutrinação.


II

A nossa Língua Geral
nos primórdios da colonização:
uma gramatização do tupi
na conversão do gentio
até que aprendessem o portuguez
e sua súdita condição.

Todas as línguas havia pelo sertão
a conquistar
com a confissão cristã
numa linguagem de conversão.

Há(via) as línguas subterrâneas
de judeus e de árabes
e de comerciantes clandestinos
e os dialetos africanos
de senzalas e quilombos.


III

Línguas de relação
e até mesmo de Inquisição
(do latim da liturgia
e do francês do Iluminismo)
e cativeiro e redução jesuítica
da evangelização.

Mas no Maranhão
línguas havia de remissão
nativas ou de dominação:
o francês, o holandês e o português
entre os tupinambás.

Em que língua parlamentavam
Charles de Vaux e o cacique Pira-jivá
Na França Equatorial?


IV

(O Marquês de Pombal acabou
com a Língua Geral
ao expulsar os jesuítas do Brasil
e de Portugal.
Ao persistir a homogeneização
de uma língua tal – ele temia? –
a independência da colônia
viria de forma natural..

Exercício especulativo banal!
A História não é território de lógica
e de hipóteses pretéritas... Mas vá lá:
a unidade lingüística portuguesa
preservou a unidade nacional?!)


V

Havemos de ser poliglotas
— depois de dominarmos a língua nacional —
prá cultivar todas as línguas
de nosso multirracial povoamento
e imigração, de todos os quadrantes
e para nossa efetiva globalização.

Haveremos de valorizar
as tantas línguas indígenas
e as várias falas regionais
de nossas identidades
numa aldeia global.

E que a nossa miscigenação
definitiva seja lingüística e cultural
— por que não?! —
e não apenas racial.

Haveremos de ser poliglotas e multilíngües
mesmo conservando a nossa língua oficial.

Acesse o texto completo em: http://www.antoniomiranda.com.br/terra_brasilis
Fotos: http://www.espiritoindio.com.br
http://tharsispedreira.zip.net/images/indio1.jpg

Um abraço!

Nenhum comentário: