terça-feira, 23 de junho de 2009

Crônica em Verso - O Trem

TREM DE FERRO
Wagner Ortiz


Com passos leves, sempre serenos, tranquilos,
A caminho da estação do trem de ferro.
O dia calmo, ensolarado de verão, faz brilhar
As brancas nuvens no céu azul cristalino.

Com passos fortes, na estação, caminho a rampa;
No guichê digo ao moço:
- Um duplo, por favor!
Pago com uma nota de dez e vou.
À roleta, sem pressa, o bilhete, passo.

Olho pra’os lados, sento no banco de carvalho.
Tão antigos quanto os longos trilhos rijos
Que luzem com o fulgor do sol do meio-dia;
A Fazer contraste com a madeira dos dormentes sujos.

Distraído olhando os trilhos, de súbito ouço-os zunir,
É o trem que está chegando, já está chegando!
Vão todos levantar, se preparar pra’o encontrar.
Foom! Foom! É a voz do esperado que estaca.

Com passos curtos apressados trato de embarcar;
Abrem-se as portas e ligeiras hão, certamente, fechar.
Canta o trem pesado e fecha suas portas, dá partida;
Se coloca em movimento para juntos viajarmos.

Em seus acentos coloridos nem todos se aconchegam,
Mas eu estou sentado, não perco a arte nas janelas,
Parecem vivas telas que se pintam sem parar.
Se eu olho pra perto, Monet; pra longe, Portinari.

São belas paisagens que assisto nas janelas,
Borrões que se formam no seu veloz caminhar.
Ele sabe o caminho, nem pensa em desviar,
Nos trilhos, flutuando, vai chegando ao destino.

Com passos lentos vagarosos, vou até a porta desembarcar;
Abrem-se as portas; ligeiras, certamente hão de fechar.
Canta o trem pesado, fecha suas portas e segue;
Se coloca em movimento, vai longe... e enfim nos despedimos.

- Adeus!
Digo eu.

©Copyright by Wagner Ortiz
® BN - Biblioteca Nacional

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